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Kroton compra Somos por R$4,6 bi, espera ter 30% da receita no ensino básico

23 abr 2018 - 18h48
(atualizado em 24/4/2018 às 08h20)
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A Kroton Educacional anunciou nesta segunda-feira a compra da Somos Educação por 4,6 bilhões de reais, ampliando presença no ensino básico segmento no qual espera ter cerca de 30 por cento da receita, além de agregar cerca de 35 mil alunos próprios e marcas fortes como o colégio Anglo.

Kroton Educacional 
23/05/2013
REUTERS/Paulo Whitaker
Kroton Educacional 23/05/2013 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

A transação é a segunda feita por meio da holding Saber, criada no início de abril pela Kroton para ativos de educação básica. Em abril, a Kroton comprou o Centro Educacional Leonardo Da Vinci, em Vitória (ES), por valor não revelado.

As conversas para aquisição da Somos duraram mais de um ano e meio, até a Kroton convencer a Tarpon Investimentos a vender sua fatia de 73,35 por cento no negócio ao preço de 23,75 reais por ação, um prêmio de 66 por cento em relação ao preço de fechamento do papel na sexta-feira.

"O contrato foi redigido em três dias, mas o namoro é de longa data", contou o presidente-executivo da Kroton, Rodrigo Galindo.

O anúncio fez as ações da Kroton subirem 5,26 por cento nesta segunda-feira, a 14,21 reais, no topo do Ibovespa, que avançou 0,06 por cento.

Já os papéis da Somos chegaram a subir mais de 58 por cento antes de fecharem com ganho de 49,3 por cento, a 21,35 reais, enquanto a Tarpon avançou 28,97 por cento.

Se o acordo for aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Kroton terá 30 dias para oferecer comprar ações dos demais acionistas da Somos, o que pode resultar no fechamento de capital da companhia.

O desembolso total da Kroton pode chegar a 6,3 bilhões de reais caso todos os acionistas aceitem a proposta. O valor será financiado com caixa e uma captação de até 5,5 bilhões de reais por meio de emissão de dívida, afirmou o diretor financeiro da Kroton, Jamil Saud Marques.

Segundo os executivos, a compra da Somos representa uma "volta às origens" para Kroton, que entre 1966 e 2002 atuava apenas em educação básica. A expectativa é de que o segmento represente 28 por cento da receita líquida e 21 por cento do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) após a conclusão do acordo. Em 2017, o ensino básico compreendia apenas 3 por cento da receita e do Ebitda da gigante em educação superior.

A Somos tem 42 escolas próprias e 2.779 parceiras, três unidades pré-vestibular e 120 de idiomas. Com isso, o portfólio da Saber subirá para 3.624 escolas, 66 mil alunos e cerca de 1,8 milhão de professores atendidos pelos sistemas de ensino e soluções complementares do grupo, segundo apresentação.

"A Somos Educação é uma joia, estamos confiantes de que tomamos o passo certo", afirmou Galindo, destacando que a aquisição permitirá à Kroton expandir sua atuação no ensino básico além do segmento premium.

Questionado sobre a participação combinada da Saber com a Somos no mercado de educação básica, que movimenta mais de 100 bilhões de reais por ano, Galindo disse que apenas em sistemas de ensino haverá sobreposição de operações.

"É um mercado grande e bastante fragmentado... É baixíssima a sobreposição entre o que a Somos e a Saber fazem, mas não podemos dar um prognóstico do que o Cade vai decidir", disse .

A receita combinada das duas empresas tem potencial para elevar em mais de 30 por cento a receita líquida e em mais de 20 por cento o Ebitda da Kroton, que foram de 5,56 bilhões e de 2,45 bilhões de reais, respectivamente, em 2017.

Por outro lado, a combinação dos negócios tende a reduzir a margem Ebitda de 44 para 41 por cento, de acordo com apresentação a analistas.

Em relatório, analistas do UBS liderados por Maria Tereza Azevedo destacaram que o ensino básico é um mercado duas vezes maior que o de educação superior, com concorrência menos intensa e ciclo muito mais longo (10 a 12 anos de estudo).

"Embora o acordo dilua as margens, o segmento oferece vantagens significativas em relação ao mercado de educação superior", escreveram os analistas.

Galindo disse que já tem um terceiro acordo assinado e um quarto ainda em negociação no setor, que pode ser fechado até o fim de 2018. "Não temos necessidade de novas aquisições em ensino básico no curto prazo", contou.

Ainda segundo ele, os movimentos recentes da companhia não alteram os planos de crescimento orgânico e a estratégia será mantida até a deliberação do Cade.

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