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Juros voltam a fechar em alta com realização de lucro

5 jun 2020 - 18h11
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Os juros futuros fecharam em alta, com exceção dos vencimentos de curtíssimo prazo que terminaram ao redor da estabilidade, sem alterações no quadro de apostas para o Copom. As taxas deram sequência ao movimento de realização de lucros iniciado ontem, mas o ritmo de ajuste hoje foi um pouco mais firme do que ontem e, diferentemente da véspera, amparado por um volume consistente de contratos negociados. Nas mesas de renda fixa, a trajetória é vista mesmo como uma correção, e não como piora na percepção de risco, até porque o clima externo segue positivo e, na seara política, as tensões arrefeceram.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passou de 3,01% para 3,07% e a do DI para janeiro de 2025, de 5,712% para 5,80%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa a 6,77%, de 6,712% ontem no ajuste. No balanço da semana, a curva perdeu inclinação.

Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, afirma que aparentemente a curva esteve na contramão do bom humor dos demais ativos locais e do apetite ao risco nos mercados internacionais, mas "na verdade não". "A correção é ligeiramente mais pronunciada justamente no miolo em função da melhora nas expectativas, na medida em que o mercado fica mais otimista com o Brasil e com o mundo", disse. Ele afirma que, apesar dos problemas fiscais e políticos, a avaliação é de que a crise forçou o presidente Jair Bolsonaro a dialogar com o Congresso, via Centrão, o que enfraquece as chances de ruptura institucional e, ao mesmo tempo, eleva a expectativa em relação à retomada da agenda de reformas no pós-crise.

Pela manhã, as taxas de curto prazo chegaram a operar em alta firme, em reação a novas declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk, em live da XP Investimentos. Após a grande repercussão de sua fala na quarta-feira, de que 2,25% pode não ser o "lower bound" para a Selic, hoje o diretor explicou que esta discussão está longe de ser consensual dentro do Copom. "Minha leitura é a de que não falamos de 'lower bound' no Brasil", disse. Para ele, continuar baixando juro é "navegar em mares nunca antes navegados". Mas acrescentou que, se o BC seguir baixando a Selic, continuará a ter efeito de aumento da inflação.

Ao longo da sessão, porém, a pressão diminuiu, levando as taxas dos contratos que vencem ainda este ano, mais sensíveis às expectativas para as próximas decisões do Copom, para perto da estabilidade. A precificação para o Copom de junho na curva, a exemplo de ontem, segue mostrando 60% de chance de corte de 0,75 ponto porcentual da Selic, ante 40% de probabilidade de corte de 0,50 ponto. Para agosto, o quadro também não mudou, com 80% de chance de queda de 0,25 ponto e 20% de probabilidade de manutenção. Os cálculos são do Haitong Banco de Investimento.

Estadão
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