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Juros sobem com pressão dos Treasuries, do câmbio e mensagem da ata do Copom

28 set 2021 - 18h04
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Os juros completaram a quarta sessão em alta nesta terça-feira, 28. Os mais penalizados foram os intermediários, pela nova disparada dos retornos dos Treasuries, ata do Comitê de Política Monetária (Copom), avanço do dólar e piora na perspectiva do cenário fiscal e mais um aumento no preço de combustíveis. O documento do Banco Central confirmou o consenso das apostas em mais duas altas de 1 ponto da Selic em outubro e dezembro, mas foi considerado hawkish por parte do mercado ao deixar em aberto até onde o ciclo pode chegar, ao citar que o "atual ritmo de ajuste é suficiente para atingir patamar significativamente contracionista e garantir a convergência da inflação" à meta em 2022. Nos Treasuries, a taxa da T-note de dez anos rompeu 1,5% e chegou a bater em 1,56% nas máximas, pressionando curvas no mundo todo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022, atualmente o mais líquido, passou de 7,17% no ajuste anterior para 7,18% e a do DI para janeiro de 2023, de 9,049% para 9,225%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 10,27%, de 10,165%, e a do DI para janeiro de 2027, a 10,67%, de 10,563%. A do DI para janeiro de 2031 terminou em 11,05% (10,972% na segunda-feira).

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, avalia que a ata veio em linha com o comunicado do Copom na indicação de manutenção do ritmo de aperto, mas "dando a entender que pode estender o ajuste", o que pesou nos vencimentos curtos e intermediários. "Já os longos responderam aos Treasuries, que estão pressionados pela expectativa de retirada dos estímulos, e a fatos domésticos ligados à questão fiscal", afirmou.

Além da influência direta sobre os DIs, a escalada dos Treasuries também pesa na curva pela via do câmbio, nesta terça com o dólar já acima de R$ 5,40. Em sua conta no Twitter, a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, sugere que a taxa está deslocada num ambiente de avanço nos preços das commodities e perspectiva de mais altas no juro básico. "O índice de commodities chegando na máxima desde 2015, a Selic de volta, acima de 6%, e com expectativa de mais altas, mas o câmbio continua sem reagir", comentou.

Apesar desta terça terem fechado em baixa, os preços do petróleo seguem em níveis preocupantes em relação aos praticados no Brasil, o que levou a Petrobras a anunciar reajuste do diesel de 8,9% a partir de quarta, o primeiro depois de 85 dias. Além do impacto sobre a inflação, Camargo Rosa, da SulAmérica, alerta para os efeitos secundários da medida. "Já vemos as críticas do Lira no Twitter e risco de nova paralisação de caminhoneiros", comentou.

A curva incorpora prêmios também pela expectativa pessimista na seara fiscal. A semana avança sem evolução concreta na questão dos precatórios e, para piorar, a percepção sobre extensão do auxílio emergencial vai ganhando corpo. Na segunda-feira, o ministro da Cidadania, João Roma, admitiu que o assunto está na mesa.

Sobre a ata do Copom, os diretores reforçaram o plano de voo de seguir elevando a Selic em 1 ponto e indicaram que o destino final deve ser "significativamente contracionista". Com isso, a aposta de Selic em pelo menos 8,25% no fim deste ano virou piso, com boa parte do mercado esticando suas estimativas para o orçamento total até 2022 dado o desafio do BC de reenquadrar as expectativas de IPCA.

Estadão
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