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Juros fecham em baixa com exterior positivo, alívio político e emissão do Tesouro

3 jun 2020 - 18h56
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Os juros futuros terminaram o dia com taxas em queda. Os bons ventos externos e o alívio com o cenário político, que nesta terça-feira, 2, já conduziam o bom humor dos mercados, nesta quarta, 3, continuaram a retirar prêmios da curva de juros, com as taxas caindo em bloco desde o início do pregão. A emissão de dívida externa realizada pelo Tesouro e a queda da produção industrial em abril ajudaram a dar gás ao movimento, especialmente na primeira parte dos negócios. À tarde, as taxas reduziram o ritmo de baixa, acompanhando o dólar, que pela manhã chegou perto dos R$ 5, mas fechou a R$ 5,0901. A curva voltou a perder inclinação, com as taxas longas recuando mais que os curtas. Ainda assim, o cenário de maior apetite ao risco e de atividade fraca com a PIM impulsionou as apostas de redução da Selic em 0,75 ponto porcentual no Copom de junho.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou no menor nível histórico, a 3,00%, de 3,06% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 5,66% (piso histórico), ante 5,753% ontem no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 6,732% para 6,64%.

A gestora de renda fixa da MAG Investimentos, Patricia Pereira, destaca que a emissão do Tesouro deu um ânimo extra ao mercado, que já vinha com melhora de humor depois da aproximação do presidente Jair Bolsonaro com parlamentares do Centrão. "Conseguir voltar a emitir mesmo em meio à crise, com queda de custo e demanda alta é um sinal muito positivo", disse.

Segundo apurou o Broadcast, a demanda pelos papéis chegou a US$ 18 bilhões na emissão e o Tesouro levantou US$ 3,5 bilhões em bonds com vencimento em cinco e dez anos. Com a demanda em alta, o governo brasileiro conseguiu captar com custos (taxa de remuneração) melhores do que as ofertadas ao longo do processo de precificação nesta manhã (veja detalhes em nota das 15h54).

A emissão do Tesouro pegou um mercado em busca de risco, animado pelas perspectivas otimistas sobre os processos de reabertura das economias pelo mundo e pelo lançamento de uma vacina contra a Covid-19, ainda que a curva de contágio e mortes no Brasil siga ascendente e os fundamentos, preocupantes.

O fato de a produção industrial em abril ante março ter caído bem menos (-18,8%) do que apontava a mediana das estimativas (-31,7%) não foi suficiente para amenizar a percepção de que o ano da indústria deve ser muito difícil. "Por mais que tenha vindo melhor do que previa o mercado, o dado que abriu as pesquisas setoriais para o 2º trimestre aponta para uma contração acentuada, que deverá superar dois dígitos no período (-12,0%)", afirmam os economistas da Guide Investimentos. Para a instituição, os números da PIM reforçam a dinâmica baixista para inflação e abrem espaço para que o Copom continue adotando uma postura agressiva na condução da política monetária. "Para a reunião de junho, esperamos um novo corte de 0,75 p.p. da Selic", disseram.

Estadão
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