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Juros fecham em alta com pessimismo sobre avanço na agenda no Congresso

27 out 2020 - 18h22
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Os juros fecharam a sessão desta terça-feira em alta, tendência vista como a "natural" em meio à falta de medidas para suavizar o risco fiscal e aos sinais de aumento das pressões inflacionárias. Nesse contexto, na véspera de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), a expectativa é de um comunicado com tom conservador, embora o consenso em torno de manutenção da Selic em 2% na quarta-feira siga intacto.

A taxa do contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,44%, de 3,435% no ajuste anterior e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 4,886% para 4,93%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 6,670%, de 6,605%, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 7,434% para 7,49%.

O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, diz não ter havido nada específico para justificar a abertura da curva hoje, atribuída ao contexto geral negativo para a área fiscal. "Ao mesmo tempo, não temos nenhum fator positivo. O tempo está passando, o calendário vai ficando apertado e está evidente que o Congresso está voltado para as eleições. O debate sobre as reformas deve ficar para depois", disse.

Não por acaso, as taxas tocaram máximas à tarde, com declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que reforçam a percepção de que a agenda de reformas deve ficar parada nas próximas semanas.

Maia cobrou interesse do governo para se avançar com as pautas e criticou a obstrução da sessão pela base aliada. "Se o governo não tem interesse nas medidas provisórias, eu não tenho o que fazer. Eu pauto, a base obstrui, eu cancelo a sessão. Infelizmente, é assim", disse. Maia encerrou a sessão sem analisar as medidas provisórias (MPs) e o projeto de lei que trata do transporte de cabotagem, conhecido como Br do Mar. Uma nova tentativa está prevista para o dia 3.

O ritmo lento dos trabalhos no Congresso induz à percepção de que, mesmo sem mudança na Selic, o comunicado do Copom na quarta já deve ter ajustes em relação ao anterior, por exemplo fechando de vez a porta para um eventual corte futuro na taxa. "Há enorme expectativa quanto ao comunicado do colegiado, num momento em que as pressões inflacionárias de curto prazo e as incertezas no campo fiscal aumentam as apostas de que algum aperto do juro básico poderá já ocorrer no encontro de dezembro", disseram os economistas da Renascença DTVM.

Na curva, a precificação de Selic para o Copom de quarta-feira mostrava praticamente 100% de chance de estabilidade. Para a reunião de dezembro, indicava 68% de probabilidade de alta de 0,25 ponto porcentual. Os cálculos são do Banco Mizuho.

Estadão
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