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Itaú reduz projeção de crescimento do País de 2% para 1,3%

Maior banco privado do País também reviu suas projeções para a taxa Selic ao final de 2019, de 6,50% para 5,75% ao ano

12 abr 2019 - 15h59
(atualizado às 16h45)
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O Itaú Unibanco reduziu as expectativas para o crescimento econômico em 2019 e 2020, após incorporar dados mais fracos e sinais de desaceleração da atividade econômica. A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano passou de alta de 2,0% para 1,3%, enquanto a de 2020 saiu de 2,7% para 2,5%. Para o PIB do primeiro trimestre, cortou a previsão de elevação de 0,3% para declínio de 0,1%, após expansão de 0,1% no último trimestre de 2018. Na comparação interanual, prevê alta de 0,6%.

A instituição também piorou as expectativas para o déficit primário, de 1,4% do PIB para 1,5% do PIB, em 2019, e de 0,9% para 1,0% do PIB, em 2020. Em contrapartida, manteve a projeção de 3,6% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano e de R$ 3,80 para a taxa de câmbio este ano e em R$ 3,90 para o seguinte.

Ministro da Economia, Paulo Guedes
08/04/2019
REUTERS/Adriano Machado
Ministro da Economia, Paulo Guedes 08/04/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Com relação à dinâmica da economia, o Itaú explica que, pelo lado da oferta, chama a atenção o fato de que a atividade industrial continua estagnada. O uso da capacidade instalada segue em patamar baixo e a produção industrial virtualmente estável. Mas, em fevereiro, a produção da indústria sofreu impacto da queda de 14,8% no setor extrativo. O recuo, avalia, possivelmente reflete a redução da produção de minério de ferro em razão do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), no dia 25 de janeiro.

Sob a ótica da demanda, o banco diz não ver sinais de melhora do investimento. E ressalta que os índices de confiança apresentaram recuo generalizado em março e indicam risco de arrefecimento adicional da atividade à frente.

Quanto ao fiscal, alterou a estimativa de déficit primário de 0,9% do PIB (R$ 60 bilhões) para 1,0% do PIB (R$ 75 bilhões) em 2020. O resultado, explica, é condicional ao avanço de reformas que levem a uma melhora gradual do resultado primário a patamares consistentes com a estabilização da dívida pública. "Sem reformas, o cumprimento do teto de gastos dificilmente será viável a partir de 2020, e o reequilíbrio fiscal estará ameaçado", argumenta.

Já para 2019, elevou a expectativa de déficit primário de 1,4% do PIB (R$ 96 bilhões) para 1,5% do PIB (R$ 110 bilhões). A piora não altera a perspectiva de que o cumprimento das regras fiscais do teto de gastos e da meta de déficit primário de 1,8% do PIB (R$ 132 bilhões) não constituirão grande desafio, acrescenta a nota do Itaú Unibanco.

Taxa Selic

Como resposta ao ritmo lento de recuperação da atividade econômica, o Itaú Unibanco diminuiu a previsão para a taxa Selic, de 6,5% para 5,75%, em 2019. Para o ano que vem, a projeção é que a taxa básica de juro termine em 5,5%.

O banco espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie o ciclo de baixa da Selic em setembro, apostando na aprovação da reforma na Câmara dos Deputados. O processo deve começar com cortes graduais, em reduções de 0,25 ponto porcentual, chegando ao nível final de 5,5% no início do próximo ano.

Encaminhada a reforma, o Itaú explica em nota que vê espaço para reduções da Selic. "Uma vez mitigada essa fonte de pressão - que afeta, em especial, a taxa de câmbio e as expectativas de inflação -, acreditamos que o balanço de riscos em torno do cenário base do Copom penderá para baixo, devido ao ritmo fraco de recuperação da economia", conforme a nota do banco que tem como economista-chefe Mario Mesquita.

"É razoável esperar certa aceleração da atividade econômica na medida em que as incertezas sobre a tramitação da reforma comecem a se dissipar, mas consideramos que estes desenvolvimentos se dariam gradualmente, de forma que a perspectiva de estreitamento moderado do hiato de produto continuaria predominando", avalia.

Em caso de frustração com relação ao avanço das medidas fiscais, o Itaú pondera que existe o risco de aumento do prêmio de risco, desvalorização do câmbio e desancoragem de expectativas de inflação, mesmo que o hiato de produto continue amplo. Esse cenário seria compatível com manutenção ou mesmo alta de juros à frente, explica.

MB associados também reduziu projeções

O MB Associados engrossa a lista de instituições que passaram a projetar crescimento menor do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019. Em relatório, o economista-chefe da MB Associados Sergio Vale informa que alterou sua expectativa para o PIB deste ano de alta de 2,0% para 1,5%. Para 2020, entretanto, a projeção foi mantida em 2,7%, mas há possibilidade de mudança para um número inferior se não houver melhora na capacidade política, adverte.

Sergio Vale explica que, com os dados do primeiro trimestre que estão sendo divulgados, cresceu a possibilidade de 2019 ser mais um ano de expansão fraca, nos moldes de 2017 e 2018, de alta de 1,1%. "Depois de dois anos seguidos de crescimento e PIB de 1,1%, mudamos a projeção de 2% para 1,5%, com riscos eventualmente de revisão para baixo."

O economista explica que parte do crescimento ruim se dá por fatores já conhecidos, como o cenário internacional que tem piorado gradativamente nos últimos meses, especialmente na Europa. Já os EUA, mesmo que não enfrente recessão, a expansão econômica deve ficar abaixo de 2,0% em 2019. Ao mesmo tempo, a Argentina - principal parceiro do Brasil - entrou em processo recessivo em 2018.

"Não temos condições de estímulo monetário e fiscal agora. A crise fiscal impede aumento de gasto público temporário para estimular a economia e a taxa de juros está estável em 6,5% enquanto não houver clareza sobre a qualidade da reforma da Previdência", afirma.

Diante do atraso na aprovação da reforma da Previdência, Sergio Vale avalia que o primeiro trimestre amarga falta de confiança que abateu a atividade econômica. Sem seus cálculos, o PIB do primeiro trimestre pode ter alta de apenas 0,2% ante o ultimo trimestre de 2018 e aumento de 1% no confronto com o primeiro trimestre de 2018. "Com um começo de ano claudicante e sem horizonte de curto prazo de solução para a reforma, podemos considerar quase certo que o PIB este ano será novamente fraco".

Estadão
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