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IPCA tem deflação de 0,68% em julho por medidas do governo, menor taxa desde 1980

Essa foi a primeira deflação mensal desde maio de 2020 (-0,38%), de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira pelo IBGE

9 ago 2022 - 09h15
(atualizado às 09h51)
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O Brasil voltou a registrar deflação em julho pela primeira vez desde meados de 2020, com a menor taxa desde o início da série histórica em janeiro de 1980, devido às quedas nos preços de combustíveis e energia elétrica graças a medidas do governo para reduzir preços.

Foto: iStock

Em um sinal de que a inflação já atingiu seu pico, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve queda de 0,68% em julho, depois de subir 0,67% no mês anterior.

Essa foi a primeira deflação mensal desde maio de 2020 (-0,38%), de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado levou o índice acumulado em 12 meses a uma taxa de 10,07%, bem abaixo dos 11,89% do mês anterior, mas ainda assim superando com folga o teto da meta oficial para a inflação este ano --3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, alvo já abandonado pelo Banco Central.

As expectativas em pesquisa da Reuters eram de recuo de 0,65% na comparação mensal e alta de 10,10% em 12 meses.

Mesmo com a indicação de que o pior já passou para a inflação, o BC elevou na semana passada a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 13,75%.

A queda do IPCA em julho teve forte influência da lei que estabelece um teto para as alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo. O maior impacto dela, no entanto, deve ficar restrito a julho.

Isso garantiu que os grupos Transportes e Habitação registrassem respectivamente recuos de 4,51% e 1,05% nos preços, os únicos com variação negativa no índice do mês.

Em julho, os preços da gasolina caíram 15,48% e os do etanol tiveram queda de 11,38%. Já as contas de energia elétrica recuaram 5,78%.

Outras iniciativas promovidas pelo governo para conter a inflação envolvem cortes em alíquotas de tarifas de importação, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e PIS/Cofins sobre combustíveis.

Por outro lado, a maior alta no mês veio de Alimentação e Bebidas, com forte peso no bolso do consumidor, para 1,30%, de 0,80% em junho. A alta da alimentação no domicílio acelerou de 0,63% em junho para 1,47% em julho, e o maior impacto positivo no índice do mês veio do leite longa vida, que subiu 25,46%.

"Essa alta do produto se deve, principalmente, a dois fatores: primeiro porque estamos no período de entressafra, que vai mais ou menos de março até setembro, outubro, ... e o fato de os custos da produção estarem muito altos", explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Embora o BC tenha dito que avaliará a necessidade de ajuste residual nos juros na reunião de setembro, boa parte dos mercados parece acreditar que este ciclo de aperto monetário já chegou ao fim.

As expectativas do mercado para a inflação este ano vêm diminuindo graças ao alívio nos preços administrados. Mas para 2023 as contas estão subindo, uma vez que as medidas de alívio não devem ter impactos duradouros.

A mais recente pesquisa Focus realizada pelo BC com especialistas mostra que a expectativa para a alta do IPCA este ano agora é de 7,11%, e para 2023 chegou a 5,36%.

A ata do encontro da semana passada do BC, divulgada nesta manhã, alerta ainda que o prolongamento de políticas temporárias de apoio à renda pode elevar prêmios de risco do país e as expectativas de inflação.

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