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'Investidor vai precisar partir para o risco', diz executivo do Santan

12 dez 2019 - 07h13
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Com os juros em 4,5% ao ano, confirmam-se as projeções de que os ativos de renda fixa e liquidez diária terão os rendimentos achatados e, em alguns casos, passarão a não repor a inflação. Para o diretor de investimentos do Santander, Gilberto Abreu, esses investimentos devem, a partir de agora, "andar na fronteira da inflação". No entanto, ele afirma que esses ativos vão continuar tendo espaço na carteira do investidor, para garantir o acesso ao dinheiro emergencial.

Para fazer o dinheiro render, porém, será preciso partir para o risco, mesmo sem sair da renda fixa. Títulos de crédito agrícola e imobiliário (CRIs e CRAs), além das dívidas de empresas de infraestrutura (debêntures incentivadas) são alguns dos papéis que o diretor aponta com boa rentabilidade no próximo ano. Nesse caso, porém, a dica é não se aventurar sozinho. "Para os clientes de varejo, o ideal é tentar entrar nessas classes através de fundos", diz Abreu.

Para onde o investidor pode correr agora?

A gente fala de fechamento de curva de juros há bastante tempo. Os clientes que fizeram maior alocação em renda variável no último ano, ou um ano e meio, conseguiram surfar uma onda positiva: alguns conseguiram alcançar o sonhado 1% ao mês em rendimentos. Além disso, esse rendimento teve um "plus" com a inflação baixa, o que realmente significa que o dinheiro está rendendo mais. Do ponto de vista prático as recomendações continuam as mesmas. A gente tem dado um peso maior nas indicações para fundos multimercados e ações, porque são duas classes que a gente acredita que ainda têm espaço para crescer no próximo ano.

A renda fixa acabou?

Falando de renda fixa, você tem aquela de baixo risco e a de mais alto risco. A de baixo risco, que foi o que o brasileiro se acostumou a investir (CDB, LCI, LCA), de fato, são produtos que estão menos atrativos. O investidor deveria manter na sua carteira, para garantir liquidez. Todo mundo precisa de uma parte do dinheiro líquido e não vai colocar isso em fundos multimercados.

Nesses ativos de baixo risco, o investidor vai perder dinheiro?

Eles vão andar na fronteira da inflação. Claro, estamos falando da inflação projetada e taxa de juros projetada. O que vai acontecer é que a rentabilidade estará muito próxima de zero. Acredito que ficará marginalmente positiva: 0,5% ao ano positiva para o cliente. O rendimento será muito achatado e o cliente vai sentir. Em algumas classes, pode empatar com a inflação ou ficar abaixo da inflação.

Os títulos mais longos do governo são mais seguros?

Existe uma ideia de que títulos do governo têm baixo risco. Quando você compra um Tesouro Selic, sim, está comprando um papel mais seguro, que acompanha o mercado, mas que também vai pagar muito pouco agora, com os juros a 4,5%. Já os papéis longos atrelados à inflação com vencimento em 2050, por exemplo, são extremamente voláteis, quase tão voláteis quanto a Bolsa. Se é um investidor que não conhece muito de curva de juros e marcação a mercado, a gente não recomenda muito esse investimento.

E a bolsa? Já se valorizou demais ou ainda há espaço para o investidor nesse novo cenário?

Se você diminui juros, diminui também o custo de capital das empresas e aumenta o retorno delas. Como esse movimento de valorização da Bolsa é recente, acreditamos que ele ainda não precificou uma segunda onda que deve vir como consequência. À medida que você reduz os custos das dívidas das empresas e fomenta a atividade econômica, os resultados das empresas melhoram. Se houver crescimento sem inflação, o que é um cenário possível, isso vai puxar valorização das ações por bastante tempo. Em 2020, já apostamos nesses resultados melhores.

Isso tudo contando com um cenário externo que não mude?

É ano de eleições nos EUA. Há interesse do governo americano em minimizar essas questões comerciais. A gente vê, sim, que isso deve trazer volatilidade, mas, a priori, mantemos nossa posição de que a Bolsa brasileira têm espaço para crescer. Outra coisa que a gente já tem sugerido para os clientes é fazer diversificação em moeda estrangeira.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão
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