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Indústria têxtil diz que acabar com o Mdic é 'decisão equivocada'

Representante de empresas exportadoras e importadoras também criticou a decisão do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de fundir o ministério da Indústria com os da Fazenda e do Planejamento

30 out 2018 - 18h35
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O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção (Abit), Fernando Pimentel, afirmou nesta terça-feira, 30, que é "equivocada" a decisão da equipe do governo de Jair Bolsonaro (PSL) de acabar com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), a partir de uma fusão com a Fazenda e o Planejamento, num futuro Ministério da Economia, chefiado por Paulo Guedes.

"A indústria está se renovando no mundo inteiro, é uma nova era de transformação, com a indústria 4.0. Um ministério para o setor é necessário, para discutir políticas", disse Pimentel. "Não vejo o Brasil dando certo sem uma indústria relevante. Colocar a indústria como secretaria ou algo assim é diminuir sua importância. É uma decisão equivocada", acrescentou.

Para o presidente da Abit, a fusão de ministérios não é mera formalidade, pois afeta, sim, a qualidade das políticas, pela concentração de poder em torno de um ministro, diminuindo a possibilidade de contraponto em questões conflitantes. "Quando começa a empacotar demais, por questões de domínio da agenda, o contraponto perde força, porque uma área vai passar a responder à outra. É preciso ter o mesmo nível hierárquico", disse.

Para Pimentel, a indústria precisa de um ministro que viva o setor, que o conheça profundamente. "Como será com o ministro da Economia? Ele vai cuidar de todos o assuntos, ele vai ser o batedor de martelo em todas as questões? E o comércio exterior, que tem negociações experientes para acordos internacionais?", questionou.

Comércio exterior

Representante de empresas exportadoras e importadoras, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, diz lamentar e receber com surpresa a decisão do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de fundir o ministério da Indústria com os da Fazenda e do Planejamento num superministério da Economia.

"Não sei quais motivos levaram à essa nova mudança de posição, que ele (Bolsonaro) tinha manifestado espontaneamente. É uma surpresa para nós", comentou o executivo.

Na segunda-feira da semana passada - antes, portanto, da eleição de Bolsonaro no último domingo -, Castro esteve presente em encontro, realizado na casa do então candidato, no qual representantes de seis associações industriais manifestaram apoio ao capitão reformado.

Após a reunião com os industriais, Bolsonaro anunciou que, diferentemente do que estava previsto no plano de governo, o ministério da Indústria ficaria de fora da fusão das pastas econômicas. Hoje, contudo, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM/RS), indicado a ministro da Casa Civil de Bolsonaro, comunicou que o plano proposto durante a campanha será mantido.

"Se o País quer aumentar sua participação no comércio global, não pode ter um ministério da Indústria relegado a segundo plano e sem voz ativa. Isso, em princípio, leva a uma desaceleração das exportações porque faltará liberdade e agilidade no governo para implementar medidas de comércio exterior", assinalou Castro.

Segundo ele, os industriais que estiveram na semana passada com Bolsonaro não devem retirar o apoio ao presidente eleito, mas vão "revisar alguns pontos".

Estadão
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