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Indústria e construção civil devem viver cenário complicado em 2022

Construção civil deve recuar neste ano, após ter crescimento esperado de 7,2% em 2021; Selic perto de 12% ao ano deixará crédito mais caro

1 jan 2022 - 14h29
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O descompasso de crescimento entre os setores da economia terá reflexos na indústria. "A indústria não vai ter uma evolução homogênea em 2022", observa o economista Fábio Silveira, sócio da consultoria MacroSector, que projeta crescimento de 1% para o PIB neste ano que começa.

Segmentos ligados à produção de bens de capital voltados para o agronegócio deverão ter uma evolução importante em 2022, enquanto a indústria direcionada a bens de consumo deve patinar. Silveira lembra também que as indústrias extrativas exportadoras e as ligadas à produção de bens como minério de ferro, papel e celulose deverão ter desempenho relativamente favorável graças ao câmbio. Nas suas contas, o dólar médio deve girar em torno de R$ 6.

Já a construção civil, que foi um dos pilares do PIB na pandemia, com crescimento esperado de 7,2% em 2021, deve recuar neste ano. Com a taxa básica de juros encostando em 12% ao ano, o crédito para compra da casa própria vai ficar mais caro, tirando o fôlego do setor. "A construção civil vai perder protagonismo na sustentação do PIB de 2022", afirma Silveira.

Para Silvia Matos, do Ibre/FGV, a construção foi beneficiada, no primeiro ano da pandemia, por uma combinação favorável de juros baixos com demanda aquecida. Em home office, mais pessoas procuraram melhorar a habitação. "Agora nada ajuda a construção e vejo uma estagnação."

DESASTRE

O quadro ruim projetado pelos especialistas para 2022 deve ser mais perceptível no dia a dia dos brasileiros e causar mais desconforto no primeiro semestre. "O segundo trimestre poderá ser um grande desastre porque foi o ápice do crescimento em 2021, e a base de comparação é muito forte", diz Silvia.

Silveira lembra que esse será o ápice do impacto da alta da Selic. O juro básico, que já subiu 7,25 pontos desde março de 2021, deve se manifestar com maior intensidade na rotina dos brasileiros.

Algum alívio para o ritmo de atividade só deve ocorrer a partir de meados de 2022, se o Banco Central interromper a trajetória de alta dos juros básicos a partir de abril. "O quarto trimestre deve ter algum suspiro na atividade por causa da parada dos juros em março e o patamar alto do câmbio no fim do ano", prevê Silveira

Estadão
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