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Ibovespa sobe 1,27% com apetite externo por risco e acordo de cessão onerosa

9 out 2019 - 18h35
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A combinação de um ambiente externo de apetite por risco com diminuição das tensões políticas domésticas abriu espaço para uma recuperação do Ibovespa na sessão desta quarta-feira (9). Depois de dois pregões de quedas pesadas, que resultaram na terça na perda da marca psicológica dos 100 mil pontos, o principal índice da B3 fechou em alta de 1,27%, aos 101.248,78 pontos, impulsionado por valorização expressiva de papéis da Petrobras e dos bancos. A despeito do avanço desta quarta, o Ibovespa ainda amarga perda de 3,34% em outubro.

No exterior, sinais de que a China está disposta a buscar um acordo parcial com os Estados Unidos desfizeram o mal-estar provocado na terça pela restrição do governo americano a vistos de autoridades chinesas e amenizaram os temores de fracasso na retomada das negociações comerciais a partir de quinta (10). Circularam informações extraoficiais de que os chineses vão propor comprar mais de 10 milhões de toneladas de soja dos EUA por ano, em um aceno para evitar novo aumento de tarifas americanas sobre bens do gigante asiático.

Por aqui, a leitura é a de que o entendimento de parlamentares em torno da partilha de recursos do leilão da cessão onerosa vai evitar novo atraso na votação final da reforma da Previdência no Senado. A expectativa é de que o projeto de lei sobre o tema seja votado ainda nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados.

"Os ventos positivos externos impulsionaram o Ibovespa. E por aqui o cenário político não atrapalhou, depois de dias de muito ruído. Hoje, com a agenda no Congresso andando, o mercado ficou mais confiante", afirma Rafael Passos, analista da Guide Investimentos, lembrando que, além da perspectiva de votação ainda nesta quarta do projeto da cessão onerosa, os parlamentares aprovaram nesta tarde o texto base da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2020.

Segundo operadores, o aumento das chances de que a votação do segundo turno da reforma da Previdência no Senado seja realmente no dia 22 sobrepujou as preocupações com eventual problema na articulação política por conta dos atritos entre Jair Bolsonaro e o PSL, cujo desenlace pode ser a saída do presidente do partido.

O gerente da mesa de renda variável da H.Commcor, Ariovaldo Ferreira, alerta que a alta não pode ser interpretada como o início de uma recuperação mais forte do Ibovespa, que deve continuar rodando, no curto prazo, em um intervalo entre 100 mil e 105 mil pontos. "O mercado vinha acumulado perdas pesadas nos últimos dias e hoje se ajustou ao ambiente melhor lá fora. Mas ainda faltam notícias positivas sobre a economia brasileira para que o índice ande de forma consistente", diz Ferreira.

A perspectiva de mais cortes da taxa Selic após deflação de -0,04 do IPCA em setembro até traz um alento para setores ligados diretamente ao crédito, mas não chancela a expectativa de um aceleração do ritmo de crescimento do PIB. Entre os índices setoriais da B3, os destaques de alta foram, não por acaso, o IFinanceiro (2,14%) e o Índice Imobiliário (1,32%).

Entre as blue chips, as maiores altas foram de papéis dos bancos, justamente os que mais sofreram na temporada recente de perdas. A ação PN do Itaú subiu 1,59%, mas ainda acumula queda de 5,15% em outubro. Também subiram com força ações ON do Banco do Brasil (2,77%), units do Santander (3,30%) e PN do Bradesco (2,85%). Outro destaque foram as ações da Petrobras (PN subiu 1,92% e ON, 2,52%), na esteira do acordo sobre a cessão onerosa.

Estadão
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