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Ibovespa perde os 100 mil pontos com cenário externo e fraqueza da indústria

3 set 2019 - 18h08
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Contaminado pelo mau humor nos mercados internacionais, em meio a dados fracos da indústria dos Estados Unidos e ao impasse nas negociações comerciais sino-americanas, o Ibovespa não encontrou forças para emendar o quarto pregão seguido acima da linha dos 100 mil pontos nesta terça-feira. Afora uma pequena alta no início dos negócios, o principal índice da B3 passou a maior parte do dia em queda e encerrou a sessão desta terça-feira aos 99.680,83 pontos, em baixa de 0,94%, com volume negociado de R$ 17,34 bilhões.

Fechadas na segunda-feira por causa de feriado nos Estados Unidos (Dia do Trabalho), as bolsas em Wall Street operaram em queda firme, refletindo temores de recessão nos Estados Unidos. Depois de sobressaltos na segunda com a notícia de dificuldades para agendamento de encontro bilateral entre EUA e China, sobrevieram dados decepcionantes da economia americana. O índice de atividade industrial nos EUA caiu para 49,1 em agosto, apontando contração da atividade. E o índice dos gerentes de compras industrial (PMI, na sigla em inglês) recuou para o menor nível em 10 anos, refletindo a queda nas exportações.

Ao temor de prolongamento da guerra comercial e recessão americana somam-se as tensões em torno da saída do Reino Unido da União Europeia. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, defensor ferrenho do Brexit, perdeu a maioria no parlamento, o que pode levar a novas eleições.

"Com a economia brasileira parada, o mercado está muito sensível ao setor externo. Qualquer movimento de aversão ao risco acaba contaminando a bolsa", afirma Pedro Galdi, analista de investimentos da Mirae Asset, ressaltando que a volatilidade tende a continuar exacerbada.

O Ibovespa também sofre com a ausência de fatores internos capazes de dar sustentação aos preços das ações. O leve otimismo com a retomada da atividade econômica desencadeado pela alta de 0,4% do PIB no segundo trimestre (na margem) foi abalado com a divulgação de queda de 0,3% da produção industrial em julho (também na margem).

"O PIB não anda, as reformas estão paradas e não há novidade nas privatizações. Isso tudo deixa o mercado com um pé atrás", diz Ariovaldo Ferreira, gerente da mesa de renda variável da H. Commcor.

O tombo do Ibovespa só não foi maior por causa da alta das ações da Petrobras, a despeito do tombo dos preços do petróleo no mercado internacional. A ação PN da petroleira subiu 1,19%, ao passo que a ON ganhou 0,50%. A estatal informou nesta terça-feira que a produção de petróleo e gás, incluindo líquidos de gás natural, atingiu recorde em agosto, ficando em 3 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed).

Entre as demais blue chips, Vale fechou em queda de 1,06%, e papéis do setor financeiro e siderúrgicas amargaram recuo superior a 1%. Também contribuiu para deprimir o Ibovespa o tombo das ações da Eletrobras (ON caiu 3,27%), após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), solicitar ao presidente da empresa, Wilson Ferreira Júnior, que dê às bancadas parlamentares informações sobre a venda da companhia, o que pode atrasar o processo de privatização.

Estadão
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