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Ibovespa fecha em nível recorde, acima de 100 mil pontos

Comunicado do Fed levou o mercado a opearar em terreno positivo e afetou resultado da bolsa brasileira

19 jun 2019 - 11h47
(atualizado às 18h11)
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Com uma alta de 0,90% nesta quarta-feira, 19, o Ibovespa finalmente alcançou a emblemática e inédita marca dos 100 mil pontos. Para isso, contou com a ajuda fundamental do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que ao retirar a palavra "paciente" de seu comunicado de política monetária, reforçou as apostas de cortes de juros nos Estados Unidos, beneficiando os mercados de ações em todo o mundo. O Ibovespa vinha oscilando em baixa até a decisão de política monetária do BC americano, mas virou logo em seguida e fechou aos 100.303,41 pontos. A nova marca representa ganho de 3,37% no acumulado de junho e de 14,13% em 2019.

"Não foi apenas o Fed. Foi o BCE ontem, o Copom hoje e também o Banco do Japão, que tem chances reais de cortar os juros esta noite", disse Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais. O economista afirma que a tendência de afrouxamento monetário e outros estímulos econômicos pelo mundo certamente beneficia os mercados emergentes em diversos aspectos, como a maior atratividade dos mercados, melhores condições para equacionar dívidas e aumento de demanda por matérias-primas.

Bandeira também apontou o cenário político doméstico como fator positivo nesta véspera de feriado, com indicação de que o relatório da reforma da Previdência pode ser votado na comissão especial na próxima semana, tornando crível a previsão de votação no plenário até 15 de julho, antes do recesso parlamentar. O economista também citou desempenho positivo do ministro da Justiça, Sergio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

"A alta recente do Ibovespa vai chamar alguma realização de lucros, mas a tendência primária ainda é de alta, principalmente se houver suporte ao encaminhamento da reforma e se o cenário externo se acalmar", afirmou o economista, apostando na sustentação do novo patamar.

Já para Vitor Miziara, gestor da Criteria Investimentos, a consolidação do Ibovespa no patamar acima dos 100 mil pontos no curto prazo é incerta, especialmente por conta da cautela do investidor com a reforma da Previdência.

"Ainda está longe de a reforma da Previdência passar. O investidor estrangeiro só vai entrar na Bolsa depois. E os locais, com bolsa acima de 100 mil pontos, tendem a diminuir o apetite", afirmou Miziara. Segundo ele, como a maioria dos preços-alvo para o Ibovespa no fim do ano já estão entre 105 mil e 115 mil pontos, a relação risco X retorno se torna menos atrativa aos 100 mil pontos, em um ambiente sem novos "drivers".

Em março

No dia 18 de março, o Ibovespa chegou a tocar os 100 mil pontos no intraday, mas não conseguiu sustentar a marca até o final do pregão. Vale lembrar que o recorde atingido hoje pelo índice é nominal, por não considerar a variação da inflação ao longo dos anos. Em termos reais, o mercado considera o pico do índice no dia 20 de maio de 2008, quando marcou 73.516 pontos. De acordo com a análise gráfica da corretora Itaú BBA, o Ibovespa aproximou-se hoje da resistência dos 100.500 pontos. Uma vez superada essa marca, a próxima resistência estará nos 105 mil pontos. Do lado da baixa, o índice possui suporte inicial em 97.600 pontos.

"Os mercados internacionais melhoraram o humor e o próximo passo é superar as resistências para subir. O Ibovespa mostrou resiliência nas últimas semanas e está pronto para buscar os 100.500 e 105.000 pontos", afirmam os analistas da instituição.

Na análise por índices setoriais da B3, o principal destaque do dia ficou com os papéis do Iconsumo (ICON), que subiu 1,44%, em boa parte puxado pela expectativa de que o Copom sinalize a possibilidade de cortes da taxa Selic este ano. Os papéis do setor financeiro também se destacaram e deram suporte à alta do Ibovespa. Banco do Brasil ON subiu 1,65%, Bradesco ON ganhou 2,33% e Itaú Unibanco PN teve alta de 1,58%.

Na última segunda-feira (17), o saldo líquido dos investidores estrangeiros na B3 ficou positivo em R$ 134,699 milhões. Com isso, o saldo negativo do acumulado de junho foi reduzido para R$ 288,862 milhões.

Dólar

O dólar teve a segunda queda consecutiva e fechou em R$ 3,8492 (-0,30%). Assim como ontem, foi o cenário externo que determinou o ritmo das cotações locais. A sinalização pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) de que pode cortar os juros em breve fez a moeda americana zerar a alta e passar a cair, renovando uma série de mínimas. Operadores observaram fluxo de estrangeiros durante a tarde, principalmente para a bolsa, que hoje fechou acima dos 100 mil pontos pela primeira vez na história.

Em dia de noticiário local esvaziado, com o foco em Brasília na participação do ministro da Justiça, Sérgio Moro, em audiência pública no Senado, o mercado de câmbio teve oscilações contidas e poucos negócios até o final da reunião do Fed, às 15 horas. Após o comunicado sinalizar que metade dos dirigentes espera um corte este ano e que um dos dirigentes do Fed votou para cortar as taxas já nesta reunião, o dólar passou a cair no exterior e o movimento se replicou aqui.

Estadão
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