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IBGE: no ano da safra recorde, 386 mil perderam emprego em fazendas do Nordeste

8 nov 2018 - 13h58
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Rio, 8 - Apesar da safra recorde de grãos obtida pelo País em 2017, o total de trabalhadores empregados em estabelecimentos com características rurais encolheu, prejudicando especialmente os pequenos empreendimentos relacionados à agricultura familiar. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Características Adicionais do mercado de trabalho, divulgados nesta quinta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano passado, 8,172 milhões de pessoas trabalhavam nesse tipo de estabelecimento predominantemente rural, o equivalente a 11,1% de toda a força de trabalho ocupada no setor privado. Em relação a 2016, na média nacional, foram perdidas 274 mil vagas.

No Nordeste, onde a proporção de trabalhadores atuando nesse tipo de estabelecimento rural caiu mais, 386 mil pessoas perderam o emprego em fazendas e granjas da região em apenas um ano.

"Safra recorde é safra de grãos, de grandes empreendimentos, não é safra de pequenas propriedades de agricultura familiar, que estão perdendo lavoura com seca e com falta de financiamento no Nordeste", lamentou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Em todo o Brasil, 1,5 milhão de trabalhadores perderam seus empregos em fazendas, sítios, granjas ou chácaras entre os anos de 2012 e 2017, período coberto pela Pnad Contínua. Dessas vagas perdidas, 1,2 milhão estavam concentradas no Nordeste.

Segundo Adriana Beringuy, embora haja alguma tendência de migração de trabalhadores do setor agrícola para outros segmentos, como o de serviços, no Nordeste houve forte impacto nos últimos anos da redução no financiamento agrário voltado para a agricultura familiar além do agravamento da seca da região.

"No Sul, há uma mescla da produção familiar e grande propriedade. No Centro-Oeste estão os grandes produtores voltados para grãos, para as commodities. Já a agricultura no Nordeste tem forte presença da pequena produção familiar", lembrou a pesquisadora do IBGE.

Em 2017, a maioria da população ocupada no setor privado atuava em estabelecimento do próprio empreendimento (63,0% ou 46,5 milhões de pessoas). No entanto, em relação a 2016, houve maior expansão no número de pessoas trabalhando em casa, totalizando 3,2 milhões de trabalhadores nessa situação, 443 mil a mais em apenas um ano, o que pode ser explicado pelo aumento na informalidade no período.

"É um pessoal que estava trabalhando em empresas e escritórios, mas perdeu a ocupação, então agora está se virando em casa", confirmou Beringuy.

A maioria dos trabalhadores brasileiros ocupados no setor privado atuava em empreendimentos de pequeno porte, com 1 a 5 pessoas: esse porcentual cresceu de 50,1% em 2016 para 51,5% em 2017, o equivalente a 38 milhões de ocupados nessa condição.

No período de 2012 a 2017, houve aumento no porcentual de ocupados em empreendimentos de pequeno porte em todas as Grandes Regiões, mas as fatias são maiores onde o mercado de trabalho é mais marcado pela informalidade: 68,2% dos ocupados no Norte atuavam em empreendimentos de pequeno porte no ano passado; 62,9%, no Nordeste; 51,0%, no Centro-Oeste; 47,9%, no Sul; e 44,5%, no Sudeste.

Estadão
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