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Iberdrola investe e pode crescer por aquisições

Controladora da Neoenergia tem compromisso de investir R$ 30 bi no País em 5 anos, sem considerar compras de outras empresas

10 out 2019 - 04h11
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A perspectiva de efetivação da reforma da Previdência e as estimativas de crescimento da economia brasileira no ano que vem reforçam o otimismo do presidente da Iberdrola, Ignacio Galán, com os negócios no Brasil. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, ele disse que os planos para a controlada Neoenergia são "muito atrativos".

Estão previstos investimentos de R$ 30 bilhões em cinco anos para garantir o crescimento orgânico do grupo em suas diferentes áreas de negócios: geração, transmissão e distribuição. Mas Galán também mostrou apetite por novas oportunidades, inclusive em aquisições.

"Falar que no ano que vem o País vai crescer mais de 2% e que a reforma (da Previdência) depois de tantos anos finalmente acontece é uma coisa importante", disse Galán, que vai participar amanhã do Fórum de Investimentos Brasil.

Neste ano, a empresa fez uma oferta pública inicial de ações e captou R$ 3,7 bilhões. Em três meses desde a operação, as ações já tiveram valorização de 25%. Galán disse que só a empresa será responsável por de 12% a 15% da necessidade de investimento no setor de energia elétrica no Brasil, hoje da ordem de R$ 200 bilhões a R$ 250 bilhões.

Segundo ele, grande parte dos recursos anunciados - um total R$ 26,5 bilhões - já está comprometida. Isso porque a Neoenergia conquistou linhas de transmissão em leilões e tem parques eólicos com energia vendida em pregões ou negociada junto a consumidores livres. Há ainda compromissos de distribuição assumidos pelas empresas do grupo para melhorar o serviço ao longo do próximo ciclo tarifário.

A diferença, R$ 3,5 bilhões serão direcionados ao leilão de transmissão do fim do ano, a mais parques eólicos e à aceleração de investimentos em distribuição para melhorar qualidade em regiões específicas.

A Neoenergia anunciou no mês passado que vai investir R$ 1,9 bilhão na construção de dez parques eólicos no Piauí e na Bahia, com energia 100% destinada ao mercado livre. Galán disse que a companhia segue avaliando oportunidades nos mesmos moldes, mas que o desenvolvimento de outros projetos dedicados ao mercado livre depende da efetivação de vendas da energia. "Em função de como irão as vendas, faremos os investimentos precisos para a geração."

Galán também sinalizou interesse da Iberdrola em avaliar aquisições, seja na distribuição, segmento em que chegou a disputar a Eletropaulo, seja em transmissão e geração. "Se tem oportunidade atrativa, veremos, e isso não está incluído nos R$ 30 bilhões, que são para crescimento orgânico", disse.

Financiamento

Apesar do volume de investimento, e da pressão sobre a alavancagem prevista por alguns analistas que acompanham a empresa, Galán disse que recursos não são um problema. "A companhia tem fundos próprios de R$ 20 bilhões e dívida da ordem de R$ 19 bilhões. Temos todos os banqueiros do mundo batendo à nossa porta, porque é uma empresa com solidez financeira", disse.

O espanhol elogiou ainda o planejamento energético brasileiro. Classificou a regulação como transparente, bem como o diálogo com o regulador. Esses fatores, segundo ele, favorecem as decisões de investimento.

Por outro lado, Galán defendeu mudanças nas regras setoriais em discussão, como a liberalização do mercado com a ampliação do acesso ao ambiente contratação livre (ACL) a consumidores de menor porte. "Creio que a liberalização é muito atrativa, aumentará a competitividade do País, mas não se pode ter riscos" disse.

Estadão
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