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Guedes diz que emenda impositiva é ferramenta de 'alinhamento estratégico' do governo

O ministro negou, porém, que uso das emendas seja uma aliança para conseguir apoio político 'através do mensalão'; em entrevista, ele disse também que Bolsonaro tem feito '60%' do que ele pede em relação à economia

15 set 2021 - 21h58
(atualizado às 22h47)
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BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje que as emendas impositivas de parlamentares no Orçamento estão virando "ferramenta de alinhamento estratégico e orgânico" do governo na busca por implementar seu programa. Ele negou, porém, que seja uma aliança para conseguir apoio político "através do mensalão".

"O centro democrático está nos dando apoio orgânico, é uma aliança de centro-direita. Não é um governo de esquerda que, através do mensalão, conseguiu apoio político na direita. Não é isso que está acontecendo. O que está acontecendo agora é centro-direita", disse em entrevista à Jovem Pan.

O ministro citou uma série de frentes parlamentares temáticas e disse ver "votos orgânicos" a favor das matérias propostas por sua equipe. "Vejo votos orgânicos, emendas impositivas, que foi uma ferramenta criada pelo outro presidente da Câmara, isso era para ser até uma ferramenta de independência e está virando uma ferramenta de alinhamento estratégico e orgânico do governo tentando fazer seu programa", afirmou.

Embora Guedes tenha citado "emendas impositivas", essa modalidade de indicação de recursos pelos parlamentares já existe desde o governo Dilma Rousseff e, dentro do próprio Orçamento, é possível ter controle de qual parlamentar indicou qual despesa e para qual beneficiário.

As emendas criadas pelo Congresso Nacional durante o governo Jair Bolsonaro foram as emendas de relator-geral, pelo qual são distribuídos bilhões em recursos sem a devida transparência - como revelou o Estadão/Broadcast nas reportagens sobre o orçamento secreto. Só neste ano, são mais de R$ 17 bilhões despejados em ações patrocinadas por aliados do governo, sem que o público saiba detalhes desses pagamentos.

Reeleição foi o maior erro político do País, diz Guedes

Guedes admitiu que o clima eleitoral acaba afetando o avanço da agenda econômica e que o "componente político vai diminuindo o vetor liberal" do governo. "Fica uma fixação de reeleição o tempo inteiro", disse Guedes, que classificou a aprovação da mudança na Constituição para garantir a reeleição como "o maior erro político que já aconteceu no País".

"Quando foi criada a emenda de reeleição, no primeiro ano, todo mundo fala: podemos fazer alguma coisa. No segundo ano, agora tem eleições municipais. No terceiro ano: ah, mas você tem que fazer tudo agora, porque o quarto ano já é o ano de eleição e não dá tempo. Aí o quarto ano, bom esse ano é de eleição. Então, fica quase que uma fixação de reeleição o tempo inteiro", disse o ministro, que integra o governo desde o início. O presidente Jair Bolsonaro pretende se candidatar à reeleição no ano que vem.

Durante a entrevista, Guedes também disse que o presidente tem feito "60%" do que ele pede em relação à economia, mas avaliou o movimento como natural da política. "O presidente diz que fazia 99% do que eu pedia e agora faz 98%. Eu digo ao presidente que ele está fazendo 60% do que eu peço, e é natural, é da política", disse o ministro. "Eu não entendo de política, sou economista tentando fazer o melhor possível", afirmou.

O ministro também rechaçou críticas de economistas que apontam riscos de uma "estagflação" no Brasil - período em que há inflação elevada mesmo sem crescimento econômico. "Que conversa é essa?", disse Guedes, emendando que o Brasil está "há 30 anos" sem exibir crescimento econômico pujante.

Estadão
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