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Guedes diz que Bolsonaro foi 'ingênuo' ao tentar regra mais suave para policiais na Previdência

Ministro da Economia afirmou ao presidente que 'Congresso está com a reforma, jogo que segue'; ele acredita que 'lá na frente' governo poderá retomar a ideia de criação do sistema de capitalização

4 jul 2019 - 16h56
(atualizado às 17h36)
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou nesta quinta-feira, 4, o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, que tentou emplacar regras mais suaves na reforma da Previdência para policiais que servem à União. Segundo ele, o presidente tem bons princípios, mas tem "uma ingenuidade ou outra", como nesse caso.

"Eu tenho convivido com o presidente e não vejo um milímetro de comportamento dele que fosse (...), a não ser uma ingenuidade ou outra, uma coisa ou outra tipo: não dá para ajudar aquele ali não? Como ocorreu agora com a Previdência. E eu disse 'Presidente, é o Congresso que está com a reforma, jogo que segue, a bola está com eles'", disse em evento promovido pela XP Investimentos em São Paulo.

O  ministro da Economia, Paulo Guedes.
O ministro da Economia, Paulo Guedes.
Foto: José Cruz/Agência Brasil - 3/7/2019 / Estadão

Guedes disse ainda acreditar que há potência fiscal suficiente na reforma da Previdência para tentar "lá na frente" criar o regime de capitalização no Brasil. A declaração foi dada em apresentação em evento da XP Investimentos, em São Paulo.

"O primeiro movimento foi conseguir potência fiscal na reforma, e há potência fiscal suficiente para tentarmos lá na frente de novo migrar do regime de capitalização", disse.

O ministro foi aplaudido de pé pela plateia do evento quando subiu ao palco. Ele acenou com as duas mãos para o público antes de começar a falar. Os participantes foram além e houve quem gritasse "meu presidente!".

Guedes acredita que a reforma da Previdência será aprovada no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar, que começa no dia 18. "Eu confio no Congresso brasileiro", disse o ministro, sendo aplaudido pela plateia logo após essa declaração.

Ele garantiu que tem o apoio de lideranças do Congresso, citando os nomes do presidente da Comissão Especial da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), do relator da reforma na comissão, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Ao contrário do que se diz por aí, nós temos o apoio (deles)", disse.

Plano econômico

Guedes afirmou que o governo pretende lançar um programa econômico no segundo semestre, para ser tocado após a aprovação da reforma da Previdência. Segundo ele, será um trabalho de colaboração com o Congresso. A declaração é dada num momento em que o Legislativo tenta assumir o protagonismo da pauta econômica.

Guedes disse que o governo pretende "reanimar a economia sem truques, só com fundamentos" e lamentou os ataques recebidos. "Merecemos algum apoio e compreensão. A bola é sua? Só você pode jogar?", disse o ministro, em referência aos governos de esquerda.

O ministro afirmou que, superada a discussão para a reforma da Previdência, o governo pretende começar a "ensaiar" as privatizações. Segundo ele, o governo tem uma meta de US$ 20 bilhões em desestatizações em 2019 e que cerca de US$ 12 bilhões já foram alcançados.

"É uma meta bastante baixa, que será superada ao longo do ano. À medida que for pegando velocidade, e todo mundo for acreditando, podemos ir bem mais do que todos estão pensando",disse.

Acordo Mercosul-UE

Paulo Guedes afirmou que o governo tem dois anos para "simplificar, eliminar e reduzir impostos", em referência ao período previsto para que o acordo entre Mercosul e União Europeiacomece a entrar em vigor. Antes de começar de fato, o acordo precisa ser aprovado pelos congressos dos países que participam dos blocos.

O trabalho que o governo pretende fazer na área tributária tem o objetivo de tornar o País mais competitivo, em condições de disputar no mercado internacional e para que o acordo seja positivo para o Brasil.

Enquanto falava sobre a falta de abertura do Brasil para o comércio internacional, Guedes criticou a aliança do Mercosul com a Venezuela, que, para ele, era muito mais uma aliança política e ideológica do que uma integração econômica. "Não é uma organização econômica interessante para nós", disse o ministro, classificando a situação como "obsoleta".

O ministro criticou a maneira como o antigo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio estava funcionando na relação com o setor privado, com lideranças industriais obsoletas que travavam a abertura. "Não teria sido possível (o acordo) se não tivéssemos juntado os ministérios", disse. "Por que a abertura comercial não foi feita antes? Parte por ideologia e parte por lobby", disse.

O acordo com a União Europeia, na visão de Guedes, vai na linha do plano do governo de abrir o País de maneira gradual. "A abertura gradual da economia está assegurada", disse.

O ministro disse ainda que, resolvendo a questão fiscal do Brasil, o País caminhará para a redução dos juros. "Os juros devem descer lá na frente", disse, em referência às expectativas do mercado.

O ministro disse ainda que em quatro, cinco ou seis dias o governo vai apresentar o plano de "choque de energia barata", que, por enquanto, envolve um governador, o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. "Se reduz impostos, abre economia e dá choque de energia barata, podemos reindustrializar o País."

Estadão
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