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Guedes defende a mesma transparência do Copom para política de preços da Petrobrás

Posicionamento vem após divulgação de áudio em que Onyx Lorenzoni afirma que governo deu uma "trava" na Petrobrás

20 abr 2019 - 18h02
(atualizado às 18h03)
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, recorreu neste sábado, 20, à transparência do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para dar como exemplo o quão clara deve ser a política de reajuste de preços dos combustíveis pela Petrobrás.

"O Castello Branco (Roberto, presidente da Petrobrás) tem que ser o Copom do petróleo", declarou em entrevista ao blog da jornalista Julia Dualibi.

No Copom, as decisões sobre a taxa básica de juros Selic são tomadas em reunião em porta fechada, sem a intervenção do presidente da República, apenas com técnicos do Banco Central. As decisões são divulgadas a cada 45 dias. Para garantir transparência, as atas das reuniões são publicadas em até seis dias úteis após os encontros. Por volta de uma semana antes das reuniões, na quarta-feira, começa o período de "silêncio do Copom", que só acaba na terça-feira seguinte, com a divulgação da ata.

O posicionamento de Guedes ocorre após a divulgação de áudio em que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, aparece falando que o governo deu uma "trava" na Petrobrás. No áudio, que circula no WhatsApp, Lorenzoni afirma que os caminhoneiros podem ficar sossegados que o governo tem trabalhado para resolver o problema deles e melhorar as condições da categoria. Procurando evitar polêmica com o colega, o titular da Economia limitou-se a dizer que "ele [Onyx] é muito leal e tem me ajudado muito".

No entanto, segundo a entrevista, uma das questões no radar da equipe econômica é aumentar a periodicidade de reajuste do diesel de 15 dias para no mínimo 30.

"Novo Mercado de Gás". O plano de Guedes para para o gás promete dar um "choque de energia barata" com ações que incluem a abertura do mercado de exploração e distribuição de gás natural, acabando com o monopólio da Petrobrás. O objetivo é elevar a competitividade da indústria brasileira a partir da exploração de gás das áreas do pré-sal.

Na quinta-feira, 18, o Estado fotografou Guedes conversando no grupo de WhatsApp "Equipe Econômica", que tem representantes do ministério e presidentes de bancos públicos, durante a "Cantata de Páscoa" no Palácio do Planalto, promovida pelo presidente Jair Bolsonaro. A troca de mensagens evidenciou a resistência por parte de setores da Petrobrás ao plano do ministro.

Intervenção. Na semana passada, Bolsonaro decidiu intervir na decisão da Petrobrás de elevar o preço do diesel, anunciado no dia 11. Mas, nesta semana, a estatal conseguiu colocar em prática seu reajuste, que representou alta de R$ 0,10 por litro. A notícia causou indignação entre os motoristas, que aguardam providências do novo governo para melhorar a situação financeira da categoria.

Em entrevista à GloboNews, Guedes negou que tenha tido sua autonomia atingida por decisões do governo de Jair Bolsonaro, "nem no episódio do petróleo", se referindo à interferência. "Não posso me queixar, o presidente tem me dado apoio", afirmou.

Estadão
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