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Greenpeace Internacional acusa JBS de não cumprir promessas de combate ao desmatamento na Amazônia

ONG afirma que a companhia brasileira e outros frigoríficos descumprem compromissos de não comprar de fornecedores de carne proveniente de áreas desmatadas; no Reino Unido, organização cobra que rede de supermercados deixe de comercializar produtos dessas empresas

5 ago 2020 - 13h33
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A organização não governamental Greenpeace Internacional divulgou nesta quarta-feira, 5, um relatório que aponta os impactos da indústria de carne no meio ambiente e critica a empresa brasileira JBS por a quebrar compromissos com a exclusão de desmatadores em sua cadeia de produção.

A publicação faz parte de uma campanha do Greenpeace Reino Unido contra a rede de supermercados Tesco, a qual exige que a empresa pare de comercializar carne e laticínios de companhias envolvidas na destruição da Amazônia e do cerrado, como a JBS, segundo a organização. A ONG também pede que a rede de supermercados reduza fortemente a quantidade de carne que vende até 2025.

O relatório "How JBS is still slaughtering the Amazon" (Como a JBS continua devorando a Amazônia, disponível apenas em inglês), aponta que a companhia brasileira, maior empresa de proteína animal do mundo, possui um "atraso inaceitável" em honrar a promessa de não contribuir mais para o desmatamento e diz que essa atitude tem trazido impactos irreversíveis para a floresta.

"Não temos mais tempo para que empresas como a JBS mudem o seu sistema", afirma Daniela Montalto, porta-voz do Greenpeace Reino Unido. "Precisamos que tanto quem compra esses produtos elimine essa cadeia do desmatamento quanto que a JBS cumpra o que prometeu."

De acordo com a ONG, a JBS e outros frigoríficos se comprometeram, em 2009, a zerar o desmatamento de sua cadeia de suprimentos em até dois anos, o que incluía não ter nenhum fornecedor, direto ou indireto, que trabalhasse em áreas desmatadas da Amazônia. As empresas também tinham prometido não contribuir com invasões de terras indígenas e áreas protegidas.

Porém, o Greenpeace diz que não houve solução para o problema "O Ministério Público Federal tem feitos esses TACs (Termos de Ajuste de Conduta) para que os frigoríficos pudessem avançar no cumprimento da lei, e que também não foram cumpridos plenamente", afirma Daniela.

O documento diz também que a JBS diminuiu a transparência em relação à origem de seus fornecedores nos canais próprios de comunicação institucional. Além disso, relata que a empresa se envolveu em um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil, e que é "uma companhia grande demais para se dar ao luxo de falhar ou adiar compromissos com a sociedade".

Em maio, o Greenpeace Brasil também denunciou o envolvimento indireto da Marfrig, Frigol e JBS com um procedimento chamado para ele de lavagem de gado, em que se comercializa carne proveniente de áreas desmatadas misturada a produtos legalizados, ocultando o rastro ilícito. A ONG afirma ter investigado esse esquema em invasões em terras indígenas, incluindo a reserva Ituna-Itatá, no Pará.

Posicionamento da JBS

Procurada pelo Estadão, a JBS divulgou nota reafirmando seu compromisso com o fim do desmatamento em toda a sua cadeia de suprimentos. Segundo a companhia, ela "tem liderado o setor em medidas para aprimorar a rastreabilidade da cadeia de suprimentos no Brasil e trabalhado "em colaboração com órgãos governamentais nacionais e regionais para desenvolver soluções envolvendo as melhores práticas para erradicar o desmatamento na Amazônia".

A nota também veio em resposta à reportagem do jornal britânico The Guardian publicada nesta quarta e que citou a companhia brasileira. De acordo com a reportagem, a rede de supermercados Tesco pediu ao governo do Reino Unido que ordene às empresas de alimentos que garantam que os produtos vendidos ali sejam livres de desmatamento.

Em comunicado, o executivo-chefe do grupo Tesco, Dave Lewis, disse que a companhia "está fazendo progressos tangíveis, mas não pode resolver isso sozinha".

Além disso, a reportagem cita que a medida vem em resposta à campanha do Greenpeace, pedindo à Tesco que elimine os vínculos com a JBS por causa de supostos vínculos com fazendas envolvidas no desmatamento da Amazônia. A Tesco disse que, embora tenha bloqueado as vendas brasileiras de carne desde 2018, não retirará dois fornecedores da proteína pertencentes à JBS.

No comunicado emitido, a JBS também reforça que "continua evoluindo seguidamente em novas iniciativas e planos para promover mais mudanças significativas nessa área (do meio ambiente), com iniciativas que estão sendo propostas e examinadas com todas as partes interessadas, além das políticas robustas que já foram implementadas pela empresa".

E completa: "Todas as empresas subsidiárias da JBS aderem a rígidas políticas de compras responsáveis em todas as suas cadeias de suprimentos e compartilham de nosso propósito de eliminar o desmatamento definitivamente". No entanto, a empresa não especificou quais ações implementou para combater o desmatamento. / COLABOROU TÂNIA RABELLO

Estadão
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