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Google diz ter feito operação quântica em computador

24 set 2019 - 07h14
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O Google pode ter realizado um feito histórico na computação, capaz de revolucionar o conceito atual da capacidade tecnológica. A empresa afirma ter atingido a "supremacia quântica". Ou seja: um de seus computadores quânticos foi capaz de realizar uma operação matemática impossível para uma máquina tradicional - o que poderia significar avanços em áreas como inteligência artificial e saúde.

Na computação clássica, usada nos PCs e smartphones atuais, toda informação é armazenada ou processada na forma de bits - que podem ser representados por 0 ou 1. Mas, na quântica, os chamados qubits, ou bits quânticos, podem assumir inúmeros estados entre 0 e 1, num fenômeno chamado superposição. Isso aumenta exponencialmente a quantidade de informação que pode ser processada.

O jornal Financial Times revelou a história na sexta-feira, após perceber que a pesquisa do Google apareceu no site da Nasa e foi removida na sequência. O Estado apurou que o documento foi colocado no site por engano, pois o Google planeja que o anúncio oficial ocorra em outubro, na capa de uma conhecida publicação de ciência. A reportagem do FT teria conseguido manter uma cópia do documento, a mesma a que o jornal O Estado de S. Paulo também teve acesso. Ao Estado, o Google disse que não comentaria o assunto.

O estudo aconteceu num teste específico e bem técnico. O chip quântico, batizado de Sycamore, teria sido capaz de entender, em 3 minutos e 20 segundos, o funcionamento de um gerador de números aleatórios - o que demoraria 10 mil anos para ser feito pelo mais potente computador tradicional do mundo, o Summit, da IBM.

A IBM, um dos principais rivais do Google na área, questionou os resultados. Dario Gil, chefe de pesquisa da IBM, disse ao Financial Times que a afirmação do Google sobre supremacia quântica está errada, pois um computador criado para resolver um problema específico está longe de ser uma máquina destinada a diferentes propósitos. A IBM espera trazer a computação quântica ao estágio comercial na próxima década.

Resultado esperado

Segundo Barbara Amaral, pesquisadora de informação quântica do Instituto de Física da USP, os cientistas da área já esperavam pelo feito. "Estudos recentes mostravam que a supremacia quântica estava perto de ser atingida. As empresas estão investindo muito na área", diz ela.

Entretanto, na visão da pesquisadora, o teste ainda precisa ser confirmado por estudiosos de computação. Ivan Oliveira, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisa em Física, também prefere a cautela: "Acho que algo importante foi realizado, mas alguém se precipitou em fazer a divulgação."

Barbara explica que atingir a supremacia quântica é uma prova de conceito. Ou seja, de que é possível um outro tipo de máquina superar a inteligência e rapidez de um computador clássico. O resultado seria apenas o primeiro passo para a computação quântica. Para resolver problemas reais, seria necessária uma máquina superior à desenvolvida pelo Google.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão
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