PUBLICIDADE

Formada por veteranos, Vectis se prepara para lançar a gestora digital Vitreo

Casa de investimentos que tem entre os sócios Paulo Lemann, fundador da gestora Pollux e filho de Jorge Paulo Lemann, vai lançar no mês que vem a plataforma Vítreo, com o objetivo de oferecer a um público mais amplo produtos antes restritos à alta renda

14 set 2018 - 04h11
(atualizado em 23/9/2018 às 16h08)
Compartilhar
Exibir comentários

A Vectis Partners, casa de investimentos criada no ano passado por quatro veteranos do mercado financeiro, se prepara para lançar em outubro a Vitreo: uma gestora digital que se propõe a "democratizar o capital", oferecendo a um público mais amplo produtos antes restritos a investidores de alta renda.

O time de sócios, que se conhece há mais de 20 anos, é formado por Paulo Lemann (fundador da Pollux Capital e filho de Jorge Paulo Lemann, do 3G Capital, dono da AB Inbev), Patrick O'Grady (que foi sócio do Pactual e da XP Investimentos), Alexandre Aoude (ex-presidente do Deutsche Bank no Brasil) e Sérgio Campos (também fundador da Pollux). Com o uso de tecnologia, que reduz os custos, a nova plataforma dará acesso a fundos de investimento robustos cujo aporte inicial seria hoje impeditivo aos pequenos investidores.

Com um projeto de interface de uso simples, que prioriza os acessos por celular, a estratégia da gestora é oferecer fundos de fundos (os chamados FoFs, na sigla em inglês) - ou seja, fundos que compram cotas de outros fundos. O primeiro produto da Vitreo será para o segmento de previdência. "É um mercado gigante, mas as opções disponíveis, principalmente nos bancos, são muito ruins - taxas de administração altas por uma rentabilidade baixa", observa O'Grady.

Segundo os últimos dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), há atualmente 1,5 mil fundos de previdência no País, com um patrimônio líquido total de mais de R$ 767 bilhões. As taxas médias de administração, a depender da classe do fundo, vão de 1,2% a 2,3% ao ano.

Para balizar a carteira do novo produto, a Vectis fechou um acordo comercial com a empresa de conteúdo e editora Empiricus, que tem 200 mil assinantes e 1,5 milhão de leitores. O produto nasceu de uma recomendação da Empiricus do que seriam os sete melhores fundos de previdência - relatório esse que conta com 30 mil assinantes.

O fundo da Vitreo terá cotas de dez fundos do segmento, com alocações em multimercado, renda fixa e ações. Entre as gestoras estão nomes de peso como Verde, Adam, Alaska e Ibiuna. "No varejo, alternativas com esse calibre de gestores inexistem", diz O'Grady.

Composição

Infogram

Se a Empiricus entra com as recomendações, a Vitreo possibilita as aplicações de forma facilitada. "Para seguir a nossa recomendação, o assinante muitas vezes tinha de abrir conta em várias gestoras diferentes, o que é muito trabalhoso", diz Felipe Miranda, fundador da Empiricus.

O valor mínimo para investimento na Vitreo será de R$ 1 mil, com taxa de 0,8% ao ano sobre os ativos sob gestão. O'Grady pontua que um diferencial da gestora será a devolução para o investidor dos chamados "rebates", tal qual ocorre nos family offices e casas de gestão de fortuna.

O rebate é um porcentual pago pela gestora ao distribuidor de um produto financeiro, uma espécie de comissão, que gira em torno de 20% a 50% da taxa de administração. "Tudo o que a gente receber de rebate a gente vai devolver para o investidor", diz. A meta é alcançar R$ 1 bilhão sob gestão em menos de 12 meses.

Para Guilherme Horn, diretor de inovação da consultoria Accenture, é esperado que uma nova gestora nasça digital hoje em dia, em função de várias facilidades tecnológicas. "Mas a entrada de um player 100% digital no mercado brasileiro de gestoras, que ainda é muito conservador, deve gerar uma movimentação dos concorrentes, porque há vantagens claras em termos de margem e de eficiência".

Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper, avalia que a Vitreo não deve disputar espaço com fintechs ou mesmo corretoras, mas sim com os bancos. "A briga não é entre os que estão tentando inovar. É uma questão de educar financeiramente de que há outras e melhores opções que o banco", diz. Ele diz que a escolha por previdência foi estratégica. "Como a população brasileira está num caminho de envelhecimento, os produtos de previdência vão evoluir bastante ao longo do tempo. A gente ainda está engatinhando."

Modelo próprio de investir

A Vectis faz investimentos em private equity (que compra participações em empresas) e em oportunidades de crédito corporativo.

Em participações, ao contrário do modelo tradicional, a companhia encontra primeiro o negócio, para depois levantar o capital.

Entre as companhias investidas estão a Fiduc, que oferece planejamento financeiro no modelo fiduciário, e a rede de lojas Imaginarium.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade