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Fila de navios para embarcar soja no Brasil cresce 60% com protestos e tabela de fretes

13 jun 2018 - 17h41
(atualizado às 17h44)
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O total de navios em portos brasileiros aguardando para embarcar produtos do complexo de soja está quase 60 por cento maior em junho ante igual período do ano passado, enquanto a quantidade de embarcações efetivamente recebendo cargas apresenta queda de 42 por cento na mesma base de comparação, segundo dados da agência Williams compilados pela Reuters.

Contêineres no porto de Santos, em São Paulo
14/09/2016
REUTERS/Fernando Donasci
Contêineres no porto de Santos, em São Paulo 14/09/2016 REUTERS/Fernando Donasci
Foto: Reuters

Os números refletem os protestos de caminhoneiros no mês passado e as indefinições quanto ao tabelamento de fretes, uma das alternativas oferecidas pelo governo para encerrar os bloqueios de estradas.

A paralisação e o novo regulamento para contratar transporte rodoviário, contestado pelo setor, têm atrapalhado há cerca de um mês a comercialização da safra recorde de soja deste ano, de quase 120 milhões de toneladas, segundo especialistas.

Conforme a Williams, na terça-feira eram 46 navios "na barra", ou seja, à espera de berços em terminais para poder carregar soja em grão, farelo, entre outros produtos. Há um ano, porém, quando a colheita também foi volumosa, eram 29.

Em paralelo, havia 22 embarcações sendo carregadas nos portos do Brasil, em comparação a 38 em junho de 2017, segundo os números da agência marítima.

Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, essa situação está totalmente ligada às indefinições quanto ao tabelamento de fretes, uma das medidas levantadas pelo governo de Michel Temer para acabar com os protestos de caminhoneiros e que até agora vem sendo discutida pela reguladora de transportes ANTT.

"Há muitas incertezas nos embarques...", afirmou Nassar, acrescentando que há um patrulhamento em relação ao cumprimento da tabela, considerada inconstitucional pela Abiove e já contestada na Justiça.

Os fretes mínimos vigentes são alvo de críticas de todo o setor agropecuários, que projeta perdas e recuo nas exportações neste mês. Nem mesmo a recente disparada do dólar ante o real conseguiu estimular os negócios, com gigantes como Bunge e Archer Daniels Midland (ADM) fora do mercado dado o receio sobre conseguir transporte.

Nassar confirmou que os embarques de soja devem cair em junho, mas afirmou que ainda é cedo para revisar projeções para o ano.

A Abiove, ao lado de outras duas associações do setor de grãos, Anec e Acebra, reforçaram nesta quarta-feira que a tabela de fretes é prejudicial ao país e fere a Constituição.

"A imposição de tabelamento de preços de frete vai acabar com o sistema de financiamento, fixação de preço e comercialização que permitiu ao Brasil ser o maior produtor de soja e o terceiro maior produtor de milho do mundo", afirmaram, em comunicado.

Uma fonte ligada a operações portuárias disse à Reuters que não só a questão dos fretes responde pela atual situação nos portos.

Segundo a fonte, que preferiu falar na condição de anonimato, os próprios protestos atrapalharam as atividades, que ainda não se normalizaram totalmente, e por isso há mais navios aguardando para poder embarcar.

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