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FGV/Estadão: 'Impedir reajuste do diesel vai contra agenda liberal'

Fernando Veloso, pesquisador da FGV, analisa, ao lado de outros economistas da Fundação, os 100 dias do Governo Bolsonaro; seminário é promovido pelo Estado

12 abr 2019 - 12h26
(atualizado às 13h07)
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RIO - A decisão do governo Jair Bolsonaro (PSL) de impedir a Petrobrás a aplicar reajuste no preço do diesel, tomada na noite desta quinta-feira, 11, vai "totalmente contra" a agenda liberal encarnada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

A afirmação foi feita por Fernando Veloso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e doutor em economia pela Universidade de Chicago, durante mesa-redonda no seminário "100 dias do Governo Bolsonaro", promovido pelo Estadão e pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 12.

"Essa decisão foi uma surpresa, foi totalmente contra a política liberal do governo", afirmou. Para o pesquisador, as posições de Guedes trazem uma agenda liberal diferente das anteriores que foram colocadas em outros governos e o Ministério da Economia "surpreendeu positivamente" ao montar uma equipe "muito mais coesa do que se esperava".

No entanto, ações como o reajuste do diesel pela Petrobras e o perdão de dívidas com o Funrural mostram contradição - o governo lançou um programa de parcelamento de débitos com o Funrural, contribuição previdenciária do setor, que deu um desconto de R$ 15 bilhões, mas um projeto de lei capitaneado pela bancada ruralista no Congresso pretende perdoar toda a dívida, que soma R$ 17 bilhões.

"Isso vai contra a ideia (liberal) mais profunda de acabar com subsídios", disse Veloso. Na visão dele, as medidas podem ser uma reação a grupos da sociedade que apoiaram Bolsonaro na campanha.

O pesquisador Samuel Pessôa, também do Ibre/FGV, vê nos interesses corporativos de grupos organizados o maior obstáculo à agenda liberal. É justamente o caso dos caminhoneiros, que reclamavam dos reajustes no diesel.

"A agenda liberal no Brasil é a agenda de enfrentamento dos interesses corporativos e particulares", disse Pessôa, na mesma mesa-redonda que Veloso.

O problema, para Pessôa, é que é a experiência mostra que é mais difícil fazer reformas que enfrentem interesses corporativos. A resistência à reforma da Previdência seria um exemplo disso.

"Tem alguma coisa no funcionamento do sistema político brasileiro que faz com que nosso presidencialismo tenha uma sensibilidade maior a interesses corporativos", disse o pesquisador.

Estadão e FGV

Analisar os 100 primeiros dias do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). É esta a proposta do evento que acontece nesta sexta-feira, 12, no Rio de Janeiro. O debate contará com pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), convidados e jornalistas do Estado. Confira a programação completa.

Estadão
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