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Fed pondera orientações mais firmes sobre taxas, adicionando datas ou metas, mostra ata

20 mai 2020 - 15h32
(atualizado às 17h26)
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No mês passado, os formuladores de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) abriram um amplo debate em torno do que podem e devem fazer para impulsionar a eficácia de suas ferramentas de política monetária em meio à pandemia do coronavírus e mais além, mostrou nesta quarta-feira a ata da sua mais recente reunião de definição de política monetária.

Prédio do board do Federal Reserve, banco central dos EUA, em Washington
19/03/2020
REUTERS/Leah Millis
Prédio do board do Federal Reserve, banco central dos EUA, em Washington 19/03/2020 REUTERS/Leah Millis
Foto: Reuters

Mesmo enquanto concordaram em usar suas ferramentas "conforme apropriado" para sustentar a recuperação e reafirmaram a promessa de manter as taxas de juros próximas de zero até estarem confiantes de que a economia norte-americana está a caminho da recuperação, os banqueiros centrais norte-americanos pareciam claramente focados em continuar a prestar suporte a uma nação que alguns temem poder experimentar um "prolongado período de severa redução da atividade econômica".

"Enquanto os participantes concordaram que a atual postura da política monetária permaneceu apropriada, eles observaram que o Comitê poderia, nas próximas reuniões, esclarecer melhor suas orientações com relação a suas futuras decisões sobre política monetária", de acordo com a ata da última reunião de política monetária, dos dias 28 e 29 de abril, divulgada nesta quarta-feira com a habitual defasagem de três semanas.

Alguns participantes defenderam orientações futuras mais precisas para a trajetória das taxas de juros, como condicionar qualquer alteração nas taxas ao cumprimento de metas econômicas específicas sobre desemprego ou inflação, abordagem utilizada durante a última crise. "O Comitê também poderia considerar orientações futuras baseadas em dados que indicariam que o intervalo da meta só poderia ser aumentado depois de decorrido um período especificado", informou a ata.

Outras possibilidades discutidas incluem diretrizes sobre compras de títulos, mostrou a ata, e o uso de aquisições do Tesouro para limitar os custos de tomar empréstimo a longo prazo, uma abordagem empregada por alguns outros bancos centrais globais. Não houve discussão sobre o uso de taxas de juros negativas.

Em geral, os participantes concordaram que suas ações recentes foram "essenciais para ajudar a reduzir os riscos negativos para as perspectivas econômicas".

Mas com uma série de participantes vendo uma "probabilidade substancial de ondas adicionais do surto no curto ou médio prazo", a ata sugere que os membros do banco central podem esperar usar seus poderes extraordinários para ancorar a economia por algum tempo à frente.

Na reunião, o Fed deixou a taxa de juros perto de zero e repetiu a promessa de fazer o que fosse necessário para sustentar a economia, dizendo que a pandemia do coronavírus não só irá desacelerar a economia no curto prazo, como também apresenta "riscos consideráveis" para o médio prazo.

Mais de 36 milhões de trabalhadores norte-americanos entraram com pedidos de auxílio-desemprego desde meados de março, quando os Estados começaram a adotar o confinamento para desacelerar a disseminação do coronavírus. Economistas projetam que a taxa de desemprego vai se aproximar ou superar os 25% registrados durante a Grande Depressão. A economia dos EUA, segundo eles, pode encolher até pela metade neste trimestre, na base anual.

Os Estados estão agora aliviando as restrições, o que levanta esperanças de um retorno gradual ao crescimento econômico nos terceiro e quarto trimestres, mas também o risco de novas infecções e mais mortes.

Mais de 90 mil norte-americanos morreram de Covid-19, com as mortes diárias chegando em média a 1.600 este mês, segundo dados da Reuters.

Para aliviar os apertos do mercado financeiro, o Fed comprou trilhões em Treasuries e adotou uma série de programas com o objetivo de apoiar os mercados de crédito assim como governos locais afetados pela queda nos impostos sobre vendas e de outras receitas durante a pandemia.

(Com reportagem de Jonnelle Marte)

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