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Febraban diz a Bolsonaro que bancos não gostam de juros altos e querem previsibilidade

Presidente pediu aos banqueiros a necessidade de redução de juros no crédito consignado a quem recebe o Benefício de Prestação Continuada e pediu que não assinassem a carta pela democracia

8 ago 2022 - 15h52
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O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, que almoçou com o presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira, 8, em evento com banqueiros e ministros, afirmou que o setor é comprometido com o País, não gosta de juros altos, quer previsibilidade na economia e diálogo com o governo. Por isso, pretende conversar com todos os presidenciáveis e Bolsonaro deve se sentir à vontade para expressar sua visão aos banqueiros.

"Portanto, sinta-se à vontade, Presidente, para colocar a sua visão na forma e no tempo que lhe convier", afirmou no almoço, em discurso, obtido pelo Estadão/Broadcast. Bolsonaro pediu aos banqueiros "que não assinem cartinha (pela democracia)" e defendeu a necessidade de redução de juros no crédito consignado a quem recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

O presidente Jair Bolsonaro pediu aos banqueiros "que não assinem cartinha (pela democracia)" e defendeu a necessidade de redução de juros no crédito consignado a quem recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Foto: Alan Santos/Presidência da República

"Há uma visão equivocada de que os bancos gostam de juros altos porque lucram mais com juros elevados", disse Sidney, para quem houve expansão do crédito recentemente. "As taxas de juros precisam realmente ser mais baixas, mas isso não depende apenas da vontade dos bancos."

"O que os bancos querem - e desejam - é a economia saudável, com inflação baixa e estável, que permita juros mais baratos, pois só assim o crédito será amplo e acessível a um número maior de famílias e empresas", afirmou Sidney. "Não desejamos regras e normas favoráveis ao setor: o que desejamos é maior previsibilidade com um horizonte que mitigue as incertezas e aumente a confiança dos agentes econômicos."

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Ele falou ainda sobre as razões de o custo do crédito ser caro no mercado doméstico. "O Brasil é o País que menos recupera garantias de crédito no mundo, e o que mais tempo demora para recuperar uma garantia", disse. "Além disso, o crédito no Brasil é muito tributado e o consumidor paga por isso. São esses custos, inadimplência e cunha fiscal, os que mais pesam nos empréstimos."

Segundo ele, as instituições financeiras estão abertas ao debate. "Se não se mostrar possível a convergência de ideias e de visões, isso não será impeditivo para encontros como este, pois não faltará aos bancos disposição para o diálogo", afirmou Sidney. "Se porventura a diferença de opiniões levar o setor bancário a divergir, tenho a mais plena convicção de que não hesitaremos em buscar, por todos os meios, o diálogo institucional respeitoso."

Sidney afirmou a Bolsonaro que o Brasil precisa superar seus "enormes desafios" e ainda que "nenhum ator político ou nenhuma instituição, pública ou privada, tem condição de fazer algo isoladamente". Após o encontro de hoje, a perspectiva, afirmou Sidney, é que leve a uma série de passos na direção da colaboração para o crescimento do País e não seja apenas um ato protocolar.

Estadão
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