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Expectativa é que reforma da Previdência seja aprovada no primeiro semestre, diz Guedes

O ministro já havia demonstrado confiança com a articulação política

22 fev 2019 - 13h34
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RIO - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira, 22, que está otimista com a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência no Congresso Nacional. Segundo ele, a aprovação do projeto deve vir ainda no primeiro semestre.

"Sim, temos otimismo com a tramitação", afirmou Guedes, em rápida entrevista, ao deixar a cerimônia de posse da presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Susana Cordeiro Guerra.

Questionado se seria possível aprovar a PEC ainda no primeiro semestre, Guedes respondeu apenas: "Claro, no primeiro semestre. As conversas têm sido muito boas".

O ministro já havia demonstrado confiança com a articulação política durante o discurso de 27 minutos na cerimônia de posse. "Do meu lado, particularmente, tenho experimentado Brasília sentindo ventos de otimismo", afirmou.

Segundo Guedes, os três poderes independentes da República "querem trabalhar juntos". O ministro destacou que tanto o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), têm demonstrado apoio às reformas. "O Judiciário reconhece a necessidade de reformas", acrescentou.

Ataque aos gastos públicos

"A reforma da Previdência é o primeiro ataque robusto aos gastos públicos", afirmou o ministro em sua fala no IBGE, citando argumentos sempre presentes em seus discursos, como a defesa de que a eleição de Bolsonaro significa que o Brasil é uma "democracia vibrante", com "poderes independentes", e a avaliação de que todos os governos após a redemocratização foram "sociais-democratas", e que agora é hora de um governo liberal.

Ao citar a história da economia brasileira, Guedes classificou como "truncada" a transição de uma política econômica focada em investimentos em infraestrutura e indústria da base, durante os governos da ditadura militar, para uma política de aumento de gastos nas áreas sociais, como saúde e educação, a partir dos governos civis.

Segundo Guedes, essa transição deixou de lado o controle dos gastos públicos, levando a hiperinflação. Mesmo após a estabilização, o problema do aumento crescente dos gastos dos governos não foi atacado.

"Um programa virtuoso de estabilização leva um ano e meio. Levar dez anos é sinal de que não está atacando gastos fiscais", afirmou Guedes, numa referência ao Plano Real.

O ministro chegou a dizer que "só agora começamos a atacar" os gastos públicos, embora tenha dito que queria "dar o crédito" a iniciativas anteriores, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000, e o teto dos gastos públicos, criado no governo Michel Temer. "Tudo isso veio, mas não adianta botar teto se não tem paredes. Hoje o teto está solto", afirmou Guedes.

O ministro alertou que o problema do gasto público excessivo ainda precisa ser atacado por causa do elevado endividamento público. Segundo ele, a dívida pública é composta por "ativos ruins", com juros altos, e cresce como uma "bola de neve".

"Aparentemente está tudo calmo porque a inflação está baixa, mas a dívida está chegando a R$ 4 trilhões", disse o ministro.

Censo demográfico

Guedes afirmou que o IBGE deve vender seus prédios, principalmente onde o presidente do órgão público "tem vista para o mar", para poder executar um bom censo demográfico no País. Ele sugeriu ainda que a pesquisa seja simplificada, "porque quem pergunta muito acaba descobrindo demais", brincou.

"Vamos tentar simplificar, o censo de países desenvolvidos tem 10 perguntas, aqui tem 150", criticou durante discurso no evento.

Ele ressaltou a importância do IBGE na vida do brasileiro, mas lembrou que a nova gestora terá muitos desafios, principalmente pela situação financeira pela qual passa o órgão.

"Esse emagrecimento que aconteceu é avassalador, as aposentadorias, mas vamos tentar ajudar. Se vender os prédios talvez a gente consiga. Façam um autosacrifício sim, vendam seus prédios", insistiu o ministro, afirmando que "a primeira coisa é acabar com a vista pro mar do presidente".

O IBGE possui seis prédios na cidade, segundo o ministro.

Guedes destacou as qualidades de Guerra, explicando que tentou levar a executiva para Brasília, como assessora "do que ela quisesse". Mas, segundo o ministro, a economista preferiu o desafio do IBGE. "Acompanhei a carreira da Susana há muitos anos, tem uma excelente formação, participou de grandes organizações internacionais", elogiou.

Em seu discurso de posse, Guerra disse que estava há 20 anos fora do Brasil se preparando para voltar e ajudar o País, e que o "brilho nos olhos" dos funcionários do IBGE mostraram que ela tomou a decisão acertada. Assim como Guedes, o desafio de realizar o censo demográfico também foi apontado pela executiva como prioridade.

"Não vai ter bala de prata para transformar o IBGE no que ele deve ser, mas vamos. São 213 milhões de pessoas, 240 mil contratados temporários, é um desafio implementar o censo na situação do IBGE, vai ser um desafio monumental", afirmou Guerra em seu discurso de posse.

Estadão
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