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EXCLUSIVO-Venezuela dribla sanções dos EUA ao receber dinheiro por petróleo via Rússia

18 abr 2019 - 17h34
(atualizado às 17h37)
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O presidente venezuelano Nicolás Maduro está canalizando o fluxo de caixa das vendas de petróleo do país através da estatal de energia russa Rosneft, à medida que busca evitar as sanções dos Estados Unidos, projetadas para retirá-lo do poder, de acordo com fontes e documentos vistos pela Reuters.

REUTERS/Isaac Urrutia
REUTERS/Isaac Urrutia
Foto: Reuters

As vendas são o mais recente sinal da crescente dependência do governo venezuelano da Rússia em meio à crise financeira do país, conforme os EUA apertam um laço econômico ao redor de Maduro, que os norte-americanos descrevem como um ditador.

Com a economia em frangalhos por anos de recessão e um substancial declínio na produção de petróleo, a Venezuela já vinha lutando para financiar importações e gastos governamentais antes mesmo de Washington impor restrições à petroleira estatal PDVSA em janeiro.

O petróleo representa mais de 90 por cento das exportações que partem da nação da Opep e a maior parcela de receitas do governo. Maduro acusou o presidente dos EUA, Donald Trump, de promover uma guerra econômica contra a Venezuela.

Desde janeiro, o governo Maduro vem em negociações com aliados em Moscou a respeito de maneiras para contornar a proibição a clientes que pagam a PDVSA em dólar, disseram as fontes. A Rússia afirmou publicamente que as sanções norte-americanas são ilegais e que trabalharia com a Venezuela para enfrentá-las.

Sob o esquema descoberto pela Reuters, a estatal venezuelana PDVSA começou a repassar faturas de suas vendas de petróleo para a Rosneft.

A gigante da energia russa paga à PDVSA imediatamente, com um desconto sobre o preço da venda --evitando o período comum de 30 a 90 dias para a conclusão de transações petrolíferas-- e recebe depois a quantia total do comprador, segundo os documentos e fontes.

"A PDVSA está entregando suas contas a receber para a Rosneft", disse uma fonte da empresa venezuelana com conhecimento dos acordos, que falou sob condição de anonimato por temer retaliações.

Grandes empresas de energia como a indiana Reliance --maior cliente da PDVSA com pagamentos em dinheiro-- foram convidadas a participar do esquema, pagando à Rosneft pelo petróleo venezuelano, mostraram os documentos.

A Rosneft, que tem investido fortemente na Venezuela sob o governo do presidente Vladimir Putin, não respondeu imediatamente a um pedido por comentários.

A PDVSA, o Ministério do Petróleo e o Ministério da Informação da Venezuela, que responde ao setor de mídia pelo governo, não responderam questões enviadas pela Reuters.

Perguntado sobre as transações, um porta-voz da Reliance afirmou que a empresa fez pagamentos à Rússia e a companhias chinesas, que foram deduzidos de valores devidos pela Venezuela a esses países.

O diretor financeiro da Reliance, Srikanth Venkatachari, confirmou a jornalistas nesta quinta-feira os pagamentos por meio de empresas russas e chinesas, mas não deu maiores detalhes.

Estamos em diálogo ativo com o Departamento de Estado dos EUA a respeito de nossas negociações por petróleo venezuelano, para permanecer em conformidade com as sanções norte-americanas", disse ele.

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