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EUA: governo reduz programa de seguro contra seca para pecuaristas

19 out 2018 - 20h38
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Snowflake, Arizona, 19 - Pecuaristas no oeste dos Estados Unidos estão enfrentando uma das piores estiagens em décadas, e podem ter sua situação agravada pela decisão do governo de reduzir um programa federal de seguro contra seca. No fim de agosto, o governo do presidente Donald Trump anunciou planos para reduzir o programa de forma significativa em 2019.

Por causa da seca, Billy Elkins, um criador do Arizona, vai enviar para o abate metade de seu rebanho de mil cabeças de bovinos esta semana. Ele conseguiu evitar perdas ainda maiores graças ao programa de seguro. "Provavelmente somos seus maiores apoiadores", disse, referindo-se ao presidente Trump. "Mas isso irritou muita gente. Por enquanto, não vamos responsabilizá-lo, mas isso pode ser um problema político para o governo."

A redução do programa de seguro contra seca se tornou uma questão importante na eleição para escolher o representante do Arizona no Senado, e ambos os candidatos estão prometendo resolver o problema - um sinal do peso político dos pecuaristas no Estado.

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) diz que os programas são avaliados rotineiramente e que o objetivo é mitigar os riscos, e não compensar os criadores integralmente. "Como o prêmio é subsidiado, o excesso de seguros resulta em mais subsídios do que se pretendia conceder por lei, e isso aumenta o custo do programa para os contribuintes", disse o USDA em comunicado.

Sob o programa, pecuaristas pagam um prêmio - metade do qual é subsidiado pelo governo - e recebem indenização em épocas de baixa precipitação. Eles usam esses pagamentos para comprar forragem, ração suplementar ou água.

Em 2017, o criador Roger Warner pagou prêmio de US$ 60 mil e recebeu indenização de US$ 150 mil. Durante um período de seis meses coberto pelo seguro, o volume de chuvas ficou pouco acima de 2 centímetros. O dinheiro cobriu custos com suplementos líquidos e blocos nutricionais. "Se chover, eu tenho de pagar. Não é um brinde", diz Warner, que neste ano pagou mais do que recebeu. "Eu gostaria de uma explicação."

Embora disponível em todo o país, o seguro tem sido mais acessado nos últimos anos no oeste. Os Estados de Arizona, Utah, Colorado e Novo México apresentam condições de estiagem "extrema" ou "excepcional", de acordo com dados do governo.

O USDA não está eliminando o programa, mas em muitas áreas reduziu significativamente o valor atribuído à forragem, alegando que os valores usados para determinar os pagamentos estão artificialmente altos. Alguns criadores no Arizona, que questionam o raciocínio do USDA, podem ter os pagamentos reduzidos em 40% ou mais.

O programa foi iniciado em 2007 e se expandiu consideravelmente durante o governo de Barack Obama. Hoje, 40 milhões de hectares são cobertos pelo seguro, sendo 9,7 milhões somente no Arizona. O custo líquido para o governo aumentou de US$ 14 milhões para US$ 136 milhões, embora este montante represente apenas uma fração dos bilhões de dólares em subsídios agrícolas oferecidos anualmente. Fonte: Dow Jones Newswires.

Estadão
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