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Estatal Nuclep diversifica e fabrica primeiras torres de transmissão após atrasos

5 mar 2021 - 13h21
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A Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep) começou a fabricar suas primeiras torres de transmissão de energia, estreando em um novo nicho, embora as operações tenham sofrido um significativo atraso ante os planos iniciais devido a impactos da pandemia de coronavírus, disse à Reuters o presidente da estatal.

Torres de transmissão de energia da estatal Eletronorte no Pará
REUTERS/Paulo Santos
Torres de transmissão de energia da estatal Eletronorte no Pará REUTERS/Paulo Santos
Foto: Reuters

A produção de torres de energia nas instalações da Nuclep em Itaguaí, no Rio de Janeiro, atenderá inicialmente a um contrato com a Neoenergia, do grupo espanhol Iberdrola, disse Carlos Henrique Seixas.

"Tivemos um problema que fugiu ao nosso controle. A Nuclep em dezembro de 2019 decidiu adquirir máquinas novas na Itália. E aí a pandemia parou tudo, até mais lá do que aqui (naquele momento). Tivemos um grande atraso na recepção dos equipamentos. Eu ia receber em maio, e só recebi em dezembro."

Com isso, as entregas para a Neoenergia foram postergadas do primeiro semestre deste ano para o segundo, acrescentou o executivo. Além disso, um primeiro contrato previsto, com a transmissora Tabocas, acabou sendo cancelado.

"Nós já estamos produzindo, ainda em fase inicial. As máquinas estão instaladas e já construímos duas torres de testes. Vamos fazer uma inauguração aqui em breve, minha intenção é que ainda em março... a partir de abril entramos em uma sequência mensal de entrega dentro do cronograma."

A companhia, que atuou na construção de submarinos para a Marinha brasileira e fabrica também equipamentos nucleares, espera obter um faturamento de pouco mais de 120 milhões de reais em 2021 com a entrada no segmento de transmissão de energia, que dobraria em 2022.

A aposta da Nuclep vem em um momento aquecido da indústria --os dois últimos leilões de projetos de transmissão de energia realizados pelo governo tiveram resultados recordes, atraindo desde elétricas multinacionais até grandes empresas nacionais e grupos menores da área de engenharia e construção, além de investidores financeiros.

Antes do atraso no recebimento de suas máquinas, a Nuclep chegou a projetar à Reuters um faturamento de mais de 300 milhões de reais em 2022 com o negócio de torres.

INSUMOS EM FALTA

As fortes atividades no setor de transmissão do Brasil, no entanto, ocorrem enquanto a pandemia de coronavírus impacta cadeias globais de suprimento de diversos setores, o que tem tornado a busca por insumos um desafio, disse o CEO da Nuclep, um contra-almirante da Marinha.

Segundo ele, a companhia tem materiais assegurados para atender o contrato com a Neoenergia, mas tem se desdobrado para garantir estoques para futuras encomendas.

"O problema que vamos ter ainda que resolver é o do material, dos insumos, porque no momento tem uma dificuldade muito grande. Não há insumo, e não é pra mim, para ninguém, é difícil ter o aço. O preço subiu muito, está mais que o dobro que era no final do ano passado", afirmou.

"No Brasil e no mundo estamos com escassez de chapas de aço. O preço está subindo muito. Mas estamos na batalha, conseguindo aos poucos."

Ao mesmo tempo, no segmento de transmissão há uma enorme demanda reprimida por torres, uma vez que o mercado sofria ultimamente com falta de fornecedores, destacou Seixas.

"A entrada nessa construção de torres vai ser excelente, porque vamos ter demanda sempre. Não é toda hora que você constrói uma usina nuclear ou um submarino, então a empresa ficava muito tempo sem trabalho", disse.

A Nuclep deve atingir nos próximos três meses uma capacidade de fabricação de 3,5 mil toneladas por mês em torres.

ANGRA, PRIVATIZAÇÃO

A Nuclep está terminando entregas para a usina nuclear de Angra 3, para a qual fabricou equipamentos, e ainda tem expectativa de participar das obras da usina nuclear, que a Eletronuclear, da Eletrobras, pretende retomar ainda neste ano, após ter aberto licitação para contratar trabalhos iniciais de construção e montagem.

"Vamos entregar os últimos dois acumuladores agora que a Nuclep construiu, e então poderíamos também participar na instalação. Podemos participar em parceria com outras empresas", comentou o presidente da estatal.

A Nuclep está na lista de possíveis privatizações do governo do presidente Jair Bolsonaro. Questionado sobre os planos, Seixas disse que tem conversado com o BNDES, responsável por definir uma modelagem para a desestatização.

"Eles fizeram um grande levantamento sobre a empresa, quase uma auditoria", afirmou.

Esses estudos sobre a modelagem, no entanto, ainda não foram concluídos, e portanto não há ainda decisões sobre uma eventual venda da empresa.

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