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Estados Unidos anunciam tarifa sobre mais US$ 200 bi em produtos chineses

Governo americano divulgou proposta de tarifarem 10% 6.031 tipos de produtos da China, que vão de frutas e legumes a roupas

10 jul 2018 - 21h15
(atualizado em 11/7/2018 às 00h09)
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Os Estados Unidos anunciaram na noite de ontem um novo pacote de tarifas sobre o equivalente a mais US$ 200 bilhões em importações da China, depois que esforços para negociar uma solução para a disputa comercial iniciada pelo governo de Donald Trump não resultaram em um acordo, informaram autoridades americanas.

O representante do Escritório de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), Robert Lighthizer, disse que o país vai impor tarifas de 10% sobre mais 6.031 produtos. A lista inclui produtos agropecuários, de frutas a legumes, vestuário, artigos esportivos, material de construção, mineração, componentes de bens de consumo.

Segundo o Escritório de Comércio, o processo de seleção de bens levou em conta prováveis impactos sobre o consumo dos americanos. A ação seria a mais recente na escalada de disputas entre as duas maiores economias do mundo. A China passou a classificar a briga tarifária como "guerra comercial".

O anúncio ocorre cinco dias depois de o presidente Donald Trump oficializar a tarifa de 25% sobre US$ 34 bilhões em produtos chineses, que entrou em vigor na sexta-feira. Além disso, o republicano informou também que, em duas semanas, outros US$ 16 bilhões em bens da China seriam alvo de tarifação.

Etapas. Nas contas de Trump, o total de barreiras contra produtos chineses pode chegar a US$ 550 bilhões. No início do ano, foram implementadas tarifas sobre máquinas de lavar e painéis solares, que tiveram a China como um dos principais alvos. Além disso, entre março e maio, o aço e o alumínio chineses também foram tarifados pelos Estados Unidos.

Pequim respondeu impondo barreiras a produtos americanas e, com isso, o governo americano anunciou, no mês passado, que colocaria tarifa de 10% sobre mais US$ 200 bilhões em produtos chineses que ainda seriam especificados. Trump ainda ameaçou: "Se nos retaliarem de novo, mais US$ 200 bilhões seriam tarifados". O presidente cumpriu a ameaça com o anúncio feito ontem.

Autoridades dos EUA disseram que a "guerra comercial" tem o objetivo de forçar a China a parar de roubar propriedade intelectual americana e abandonar políticas comerciais que efetivamente forçam as companhias americanas a entregarem seus segredos comerciais em troca da abertura do mercado chinês. "Essas práticas são uma ameaça ao futuro da nossa economia", diz Lighthizer.

O USTR informou que vai aceitar comentários públicos e fará também consultas públicas sobre a medida até 20 e 23 de agosto antes de tomar uma decisão final no dia 31, segundo um funcionário sênior que falou sob a condição de anonimato.

Membros do Congresso americano têm questionado a política comercial agressiva de Trump, advertindo que impor tarifas às importações eleva os preços para os consumidores americanos e deixa produtores agrícolas e indústrias expostas a retaliações. "O anúncio de hoje (ontem) é imprudente", disse o presidente de Finanças do Senado, Orrin Hatch. "Não podemos fechar os olhos para as práticas mercantilistas da China, mas esta ação fica aquém de uma estratégia que dará à administração dos Estados Unidos alavancagem nas negociações com a China para manter a longo prazo a saúde e a prosperidade da economia americana."

Resposta. Pequim prometeu responder a qualquer ação comercial dos Estados Unidos. Mas a China só comprou cerca de US$ 135 bilhões em bens americanos no ano passado, o que significa que os produtos americanos não devem ser tarifados antes do último movimento de Trump. Espera-se que as autoridades chinesas retaliem de outras formas, atingindo empresas americanas na China com inspeções não planejadas, atrasos na aprovação de transações financeiras e outras dores de cabeça administrativas.

"O governo Trump está apostando que forçará a China a recuar", disse Edward Alden, membro sênior do Conselho de Relações Exteriores. "Isso é quase certamente um grave erro de cálculo. A China é muito mais propensa a encontrar outras maneiras de reagir da mesma maneira." / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Estadão
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