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ENTREVISTA-Previ pode investir em IPOs para desconcentrar carteira de renda variável

24 ago 2017 - 11h36
(atualizado às 12h58)
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A Previ, caixa de previdência dos empregados do Banco do Brasil, está de olho na retomada das ofertas de ações no Brasil como oportunidade para desconcentrar sua carteira de renda variável, disse à Reuters o diretor de investimentos da instituição, Marcus Moreira.

O fundo, maior do país com cerca de 140 bilhões de reais em ativos, tem cerca de 45 por cento dos recursos de seu principal fundo aplicados em ações de aproximadamente 30 companhias.

Com o foco de dar maior liquidez aos ativos, a instituição deve gradualmente se desfazer de participações controladoras em empresas, à medida que o amadurecimento da carteira exige volumes cada vez maiores de desembolsos para pagar benefícios. Atualmente, a Previ paga cerca de 1 bilhão de reais por mês.

Segundo Moreira, um dos movimentos recentes nesse sentido foi a dissolução do bloco de controle na Vale, do qual a companhia fazia parte, o que a liberou para poder vender um terço das ações que detém, 15,7 por cento do capital da mineradora. O restante poderá ser vendido a partir de 2020.

O executivo disse que a redução gradual de fatia da Previ na Vale faria sentido dentro da estratégia de desconcentração da carteira, mas que não há um cronograma para desinvestimentos.

Além da Vale, a Previ tem fatias relevantes em empresas como BRF (10,7 por cento), Jereissati Participações (19 por cento), Neoenergia (49 por cento) e Paranapanema (24 por cento). Segundo o executivo, porém, não há pressa para essas mudanças.

"Podemos aproveitar o ciclo de retomada dos IPOs (ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês) para ter participações menores num volume maior de empresas", disse Moreira. "Vamos preferir papéis de empresas boas pagadoras de dividendos."

De acordo com o executivo, a Previ avaliou todos os IPOs de 2017, mas não entrou em nenhum. Na realidade, o fundo foi vendedor em um deles, ao negociar sua fatia na resseguradora IRB Brasil.

No médio e longo prazos, a tendência é de que a fatia da renda variável na carteira da Previ continue diminuindo, porém em menor velocidade. Após ter beirado os 70 por cento do total há cerca de uma década, a participação das ações no Fundo I tem recuado sucessivamente, como resultado da queda do valor das ações e das vendas de participações detidas.

Segundo o diretor de Planejamento da Previ, Marcos Madureira, em 2017 especificamente essa porcentagem deve até subir impulsionada pela recuperação do mercado acionário. Na terça-feira, o Ibovespa fechou acima dos 70 mil pontos pela primeira vez desde o começo de 2011.

Mantidos esses níveis, o movimento deve ajudar a Previ a superar a meta atuarial --rentabilidade mínima necessária para que o fundo consiga pagar todos os benefícios no longo prazo--, de INPC mais 5 por cento ao ano. Além disso, a rentabilidade deve ajudar a Previ a reduzir o déficit acumulado nos últimos anos, que fechou 2016 em torno de 14 bilhões de reais.

Outra classe de ativo que a instituição considera assumir a partir do ano que vem são títulos de renda fixa privados.

"Vamos considerar títulos de boas empresas, mas vamos priorizar títulos que tenham rentabilidade atrelada à inflação", disse Moreira.

A tática é uma forma de obter rentabilidades superiores às oferecidas pelos títulos públicos, que hoje representam 45 por cento do Fundo I, que tem mais de 130 bilhões de reais.

Com a Selic em 9,25 por cento ao ano e expectativa do mercado de que a taxa caia a 7,5 por cento até dezembro, a maior parte dos papéis públicos detidos pela Previ já está abaixo da meta atuarial.

INVEPAR

Moreira disse ainda que o plano base da Previ é manter a fatia de 25,6 por cento que detém da Invepar, holding que explora concessões de serviços de transportes, na qual tem como sócios a Petros, fundo de pensão dos empregados da Petrobras; a Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, e a empreiteira OAS.

Após pedir recuperação judicial em 2015, na esteira dos efeitos da operação Lava Jato, a OAS tem negociado a venda de sua fatia de 24 por cento na Invepar que, dentre outros ativos, é responsável pela concessão do aeroporto de Guarulhos (SP).

Nas últimas semanas, a mídia tem veiculado que potenciais investidores estrangeiros na Invepar teriam interesse em comprar não apenas a fatia da OAS, mas também as dos demais sócios.

"Primariamente nosso plano não é desinvestir, mas se tiver um valor adequado podemos considerar alienar", disse Moreira. "Não temos amor por ativo nenhum."

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