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ENTREVISTA-Lojas Renner vê impacto limitado de alta do dólar; frio ajuda vendas

23 mai 2018 - 20h23
(atualizado em 24/5/2018 às 09h19)
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A Lojas Renner vê impacto limitado da recente alta do dólar em seus custos nos próximos meses, uma vez que tem hedge em torno de 3,30 reais para praticamente 80 por cento das importações, disse à Reuters nesta quarta-feira o presidente da varejista de moda, José Galló.

No entanto, o executivo destacou que se o movimento se prolongar a empresa pode ter impacto no custo, levando a eventual repasse para o preço final.

"Essa questão do dólar é algo a verificar se vai continuar, se vai se estender, mas... vai ser igual para nós e para os concorrentes", disse Galló.

Segundo o executivo, a compra de tecidos para confecção das peças atualmente é feita 70 por cento no mercado interno, enquanto 30 por cento vem de importação, com parte relevante desse percentual sendo mercadoria de inverno.

Desta forma, uma eventual manutenção da valorização do dólar poderia pressionar principalmente as coleções de inverno, uma vez que o tecido representa cerca de 30 do custo de uma peça de roupa. No entanto, o impacto para a atual coleção foi limitado, uma vez que a empresa tinha a maior parte protegida.

No primeiro trimestre, a varejista percebeu algum impacto nas vendas devido à temperatura mais alta que o normal nas regiões Sul e Sudeste em março. No entanto, com o frio recente a empresa já vê uma recuperação nas vendas de inverno.

"Com o frio é impressionante a recuperação das vendas. Tem dias de frio que ultrapassa em 30 por cento ou 40 por cento a meta e realmente vai ajustando a venda que não foi feita", disse Galló.

MULTICANAL

A Lojas Renner planeja abrir cerca de 70 lojas este ano no país e já considera no cálculo de rentabilidade de cada unidade que uma parte das vendas será feita online.

Galló reforçou que a participação da multicanalidade deve atingir 5 por cento das vendas antes da meta inicial, de 2021, embora não tenha dado um prazo para isso.

Apesar de ver aumento na participação do comércio eletrônico no total de vendas, a Lojas Renner não pretende investir em logística própria, mantendo a entrega em lojas ou o uso de transportadoras, disse o presidente da companhia.

SUCESSÃO

Um sucessor de Galló, cujo contrato termina no fim do ano, deve ser conhecido "em breve", disse o executivo, que minimizou os impactos de uma mudança de comando na varejista. Ele é presidente da Lojas Renner desde março de 1999.

"Já ouviu falar de sustentabilidade? É a mesma coisa com o processo de sucessão. A continuidade", disse Galló, brincando com a nova coleção lançada esta semana pela Lojas Renner que inclui jeans reciclados.

O executivo destacou que a questão da sucessão é importante na empresa e ganhou destaque nos últimos cinco anos, não só para o presidente, mas também para os principais cargos de liderança da companhia.

"Isso facilita as coisas e, no fundo, quem faz a Renner não sou eu, é uma equipe e vai chegar o momento que o sucessor vai ser conhecido e eu irei para o conselho de administração", disse Galló, acrescentando que não há possibilidade de prorrogar sua posição no cargo de presidente da companhia.

SUSTENTABILIDADE

A Lojas Renner lançou nesta quarta-feira a Re Jeans, uma coleção de jeans reciclado, com reaproveitamento do sobras de tecidos usados na cadeia de fornecimento da própria Renner.

Apesar de envolver mudanças em processo de produção, a Renner conseguiu manter na nova linha o custo para confecção de peças e, desta forma, o preço para o consumidor final na mesma faixa de produtos convencionais.

Segundo o gerente sênior de sustentabilidade da Lojas Renner, Vinicios Malfatti, a manutenção do custo decorre do ganho de eficiência e da busca por fornecedores que aceitaram as inovações envolvidas no processo, incluindo a maneira de separação das sobras de corte de tecido para garantir um fio de qualidade para o reuso.

"O grande desafio é montar uma cadeia... A gente precisa de alguém que desfie, que faça de novo", disse Malfatti

O investimento envolvido no lançamento da coleção, segundo Galló, "não é relevante", assim como a participação das vendas da nova linha na receita total da empresa, uma vez que trata-se de uma coleção pequena.

"Não é relevante para a Renner, mas são 120 mil peças de economia circular", disse Galló.

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