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ENFOQUE-Startups confrontam grandes do agronegócio em técnica de edição genética

10 ago 2018 - 18h52
(atualizado às 18h55)
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Em um laboratório no subúrbio de Minneapolis, no Estado norte-americano de Minnesota, uma pequena empresa que nunca teve lucro está pronta para superar as maiores companhias de agricultura no mundo na corrida para levar ao mercado a próxima potencial inovação em engenharia genética: uma lavoura com DNA "editado".

Grãos de soja armazenados
06/02/2013
REUTERS/Paulo Whitaker
Grãos de soja armazenados 06/02/2013 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

A Calyxt, uma empresa de oito anos, co-fundada por professor de genética, alterou os genes de uma planta de soja para produzir óleo de soja mais saudável, usando a técnica de ponta de edição, em vez da modificação genética convencional.

Setenta e oito agricultores plantaram essas sementes de soja em 17 mil acres na Dakota do Sul e em Minnesota, uma safra que deve ser a primeira geneticamente editada a ser vendida comercialmente, superando empresas da Fortune 500.

As gigantes de desenvolvimento de sementes, como a Monsanto, a Syngenta e a DowDuPoint, têm dominado a tecnologia de modificação genética de produtos agrícolas, que surgiu na década de 90.

Porém elas encaram uma competição maior de startups e outros concorrentes menores porque a edição genética de sementes tem custos de desenvolvimento drasticamente menores, e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) decidiu não regulá-los.

Empresas relativamente desconhecidas como a Calyxt, a Cibus e a Benson Hill Biosystems já estão avançando com seus próprios projetos de edição de genes na corrida contra as gigantes do agronegócio pelo domínio da tecnologia potencialmente transformadora.

"É uma época muito boa para uma empresa tão jovem", disse o presidente-executivo da Calyxt, Federico Tripodi, que supervisiona 45 pessoas.

"O fato de uma companhia tão pequena e ágil conseguir realizar essas coisas chamou o interesse na indústria."

A tecnologia de edição de genes envolve mirar em genes específicos em um único organismo e interromper aqueles ligados a característica indesejáveis, ou alterá-los para fazer uma mudança positiva. A modificação genetica tradicional, por outro lado, envolve transferir um gene de um tipo de organismo para outro, um processo que ainda não foi completamente aprovado pelos consumidores.

A edição de genes pode significar colheitas maiores de safras com uma ampla gama de características desejáveis --tomates com gosto melhor, trigo com pouco glúten, maçãs que não oxidam, grãos de soja resistentes à seca ou batatas adequadas para estocagem em lugares frios.

Os avanços podem dobrar os 15 bilhões de dólares do mercado global de biotecnologia de sementes em uma década, disse o analista Nick Anderson, do banco de investimentos Bernberg.

O USDA arquivou 23 investigações sobre se as sementes geneticamente editadas precisam de regulação e decidiu que nenhum dos pedidos se enquadrava no seu critério para vigilância.

Isso economiza anos e somas incalculáveis para os seus desenvolvedores, comparado com as lavouras geneticamente modificadas tradicionais. Desses 23 organismos, apenas três estavam sendo desenvolvidos por grandes empresas agrícolas.

O novo cenário competitivo pode promover mais parcerias e acordos de licença entre as grandes e pequenas empresas, junto com universidades ou outras instituições de pesquisa pública, disse a representante da Monsanto, Camille Lynne Scott.

A Monsanto, que recentemente foi comprada pela Bayer, investiu 100 milhões de dólares na startup Pairwise Plants neste ano para acelerar o desenvolvimento de plantas de edição genética.

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