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Empresas 'cheque em branco' captam US$ 2 bi para aquisições no Brasil

4 dez 2021 - 08h10
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As empresas "cheque em branco", aquelas em que o investidor não conhece a companhia na qual vai investir, mas apenas os gestores do dinheiro, nunca captaram tanto como nos últimos meses e estão com bilhões para fazer aquisições na América Latina, especialmente no Brasil. Só neste ano, já são US$ 2 bilhões em ofertas na Nasdaq, de gestoras como XP, Dynamo, Valor Capital, Pátria e Crescera.

Nos bancos de investimento, a avaliação é que o tamanho do mercado brasileiro deve receber em 2022 mais Spacs (nome técnico para as companhias de aquisição com propósito específico, na sigla em inglês), inclusive com ofertas na B3. A Alvarez & Marsal foi a primeira a conseguir autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para fazer a captação via Bolsa brasileira.

Globalmente, as áreas preferidas das "cheques em branco" são os setores de saúde e tecnologia, com empresas de valor de mercado calculado em cerca de US$ 1 bilhão. No Brasil, esse universo não é tão grande. Seriam em torno de 60 ou 70 empresas privadas, nos cálculos de um banco estrangeiro, considerando as companhias que ainda não foram à Bolsa. "Aí fica todo mundo batendo cabeça nas mesmas", diz a fonte deste banco.

Novidade

Como esse tipo de operação é nova no País, é preciso de mais um tempo de maturação desse mercado, diz um executivo da Faria Lima. Enquanto menos de 10 Spacs foram lançadas no Brasil neste ano, nos Estados Unidos, os lançamentos já são em torno de 400.

Para essa fonte, com o mercado mais difícil para ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês), o Spac pode ser uma opção de recursos para companhias com planos de abrir o capital, em 2022.

A sócia do escritório Demarest, Ana Carolina Audi, concorda que essa é uma oportunidade para que empresas cheguem à Bolsa sem passar pelo processo de abertura de capital formal. Nesses casos, os investidores, muitas vezes, priorizam retornos de curto prazo. "Por exemplo, companhias de tecnologia que receberam alto investimento de fundos de private equity (que compram participações em empresas) e que apresentam potencial rentabilidade que talvez não seja suficiente para entrada na Bolsa", diz.

O primeiro fator que contribuiu para o boom desse tipo de captação, segundo banqueiros de investimento, foi a procura por rendimento. Quando o investidor compra papéis de uma Spac, mesmo que a empresa não encontre ativos para adquirir no curto prazo, seu dinheiro é remunerado. Em situações de juro baixo, dá mais retorno do que um fundo tradicional. Outra razão é a falta de boas empresas para aquisição. Normalmente, o prazo entre a captação do Spac e o limite para a compra é de dois anos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão
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