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Em compasso de espera por Previdência, Ibovespa cai com exterior negativo

27 fev 2019 - 18h55
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Em meio a um ambiente conturbado, com bolsas americanas no vermelho, e sem sinais concretos sobre as chances de aprovação da reforma da Previdência no Congresso, o mercado acionário doméstico trabalhou em marcha lenta nesta quarta-feira, 27. Alternando ligeiros avanços e recuos ao longo da tarde, o Ibovespa encerrou o dia em queda, mas ainda na casa dos 97 mil pontos.

Segundo operadores, o mercado deve seguir sem ânimo até pelo menos a instalação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara - por onde começará a tramitar a reforma da Previdência -, que deve ocorrer apenas depois do carnaval. Além disso, investidores não querem se expor a uma eventual piora no exterior no início da semana que vem - em meio a notícias sobre negociações comerciais entre China e Estados Unidos e a novela do Brexit, por exemplo - com a B3 fechada.

O gerente da mesa de operação da Coinvalores, Marco Antônio Siqueira, afirma que o mercado está em compasso de espera e não deve engatar uma nova rodada de alta enquanto não houver sinais claros de que o governo tem grandes chances de aprovar a reforma. "A direção da bolsa, seja para cima ou para baixo, vem dessa questão da Previdência", afirma.

Com máxima de 97.781,81 pontos e mínima de 96.885,98 pontos, o Ibovespa fechou em queda de 0,30%, aos 97.307,50 pontos, em linha com as bolsas americanas, abaladas por sinais de impasse nas conversa entre China e Estados Unidos. A liquidez foi reduzida, na casa de R$ 11 bilhões.

O tombo não foi pior porque as ações da Petrobras avançaram, estimuladas pela alta do petróleo e a expectativa de que os resultados da companhia do quarto trimestre. O papel PN da petroleira subiu 1,88%, e o ON, 0,52%. Também avançaram os papéis da Eletrobras, na esteira da informação dada pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, de que o modelo de capitalização deve ser definido até junho. O papel ON subiu 4,76%, a segunda maior alta do Ibovespa. Do lado negativo, a Vale caiu 0,78% após a Moody's rebaixar o rating da mineradora, que perdeu o grau de investimento (selo de bom pagador).

"Quem salvou hoje o Ibovespa foi a Petrobras, com o petróleo e a questão do balanço. A verdade é que o mercado está sem fôlego", afirma Felipe Favero, analista da Criteria Investimentos, ressaltando que investidores esperam uma postura mais ativa do presidente Jair Bolsonaro em relação à reforma da Previdência.

No início da tarde, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que Bolsonaro vai entrar de vez na batalha pela aprovação da reforma previdência na semana que vem. "Logo depois do carnaval, o presidente vai 'botar o peito n'água". Leia-se: falar publicamente a favor da reforma. O ministro também disse que "se tudo correr bem, e Deus há de querer", em junho a reforma já terá sido aprovada no Congresso.

Escolhida pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar a liderança do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-S) saiu de encontro com Paulo Guedes dizendo que o ministro da Economia até aceita conversar sobre pontos da reforma como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e aposentadoria rural. Há, contudo, um ponto inegociável: a reforma tem que trazer uma economia prevista na casa de R$ 1 trilhão.

Estadão
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