Eletrobrás preparada para a privatização
A privatização da principal estatal do setor elétrico está em discussão pelo governo com membros do Congresso, pois depende de projeto de lei específico
Anunciada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro como uma das prioridades de seu programa de privatização, a transferência do controle da Eletrobrás para o setor privado ganhou impulso. A aprovação pelo conselho de administração, há dias, do aumento de capital de até R$ 10 bilhões deixa a estatal preparada para a privatização, na avaliação de seu presidente, Wilson Ferreira Junior.
O aumento será feito por meio de emissão de ações, pelo preço unitário de R$ 35,72 para as novas ações ordinárias e de R$ 37,50 para as novas ações preferenciais. Esses valores embutem um deságio de 15% sobre a média ponderada da cotação de fechamento dos 30 pregões da B3 que antecederam o dia 7 de outubro. O valor mínimo de R$ 4,05 bilhões será subscrito pela União, atual controladora da empresa, por meio da conversão em ações de Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital concedidos em 2016.
De acordo com o presidente da Eletrobrás, o aumento de capital permitirá limpar o balanço da empresa, reforçar seu caixa e melhorar sua capacidade de investimentos. Ferreira Junior falou também da possibilidade de "reversão dos dividendos retidos". Ao anunciar o lucro de R$ 13 bilhões no exercício de 2018, a empresa suspendeu a distribuição de R$ 2,3 bilhões, sob a alegação de não dispor de dinheiro em caixa para distribuir o mínimo estabelecido pela legislação.
Segundo o presidente da estatal, o modelo de aumento de capital aprovado prevê que outra parcela de dividendos, que soma R$ 1,2 bilhão, poderá ser utilizada pelos acionistas em troca de ações na operação. Isso evitará que a Eletrobrás transfira o valor equivalente para os acionistas.
A privatização da principal estatal do setor elétrico está em discussão pelo governo com membros do Congresso, pois depende de projeto de lei específico. A Eletrobrás vem se preparando para a transferência de seu controle para capitais privados por meio de programas de redução de custos e de corte de pessoal. Na semana passada, anunciou o início de novo plano de demissão consensual, que tem por meta o desligamento de 1.681 empregados até o fim do ano. Esse programa consta de acordo coletivo de trabalho assinado no Tribunal Superior do Trabalho. O plano terá custo de cerca de R$ 548 milhões, mas sua execução propiciará economia de R$ 510 milhões por ano.