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Economistas que mais acertam veem dólar em até R$ 4,40

12 jan 2016 - 14h08
(atualizado em 13/1/2016 às 11h35)
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As principais projeções econômicas feitas no início de 2015 se mostraram totalmente erradas ao fim do ano. A Lava Jato, a crise política e o ajuste fiscal que nunca saía do papel levaram as já modestas estimativas do mercado a parecerem otimistas demais. 2016 começa um pouco diferente: com números pessimistas, mas que também têm grande riscos de serem revisados para pior.

Pra cima e avante: percepção de risco pode fazer analistas revisarem estimativas para o dólar
Pra cima e avante: percepção de risco pode fazer analistas revisarem estimativas para o dólar
Foto: Pixabay / O Financista

O Financista consultou os economistas das instituições que mais acertaram as projeções de câmbio, Selic e IPCA mensalmente no Boletim Focus no ano passado – o Banco Central ainda não divulgou o ranking anual do Top 5, o que deve ser feito ainda neste mês – e suas projeções divergem da média das estimativas.

“Este ano os analistas estão mais pessimistas com relação ao câmbio, mas imagino que eles vão se frustrar ainda mais e as perspectivas vão ter que ser revistas ao longo do ano”, afirma Luis Afonso Fernandes Lima, economista na Mapfre Investimentos, que está entre os que mais acertaram projeções para o câmbio. Ele projeta dólar a R$ 4,40 ao fim do ano, enquanto a mediana das estimativas do último Focus aponta para R$ 4,25 – já mais alto que os R$ 4,21 projetados na semana passada.

“Se a gente errar, é mais provável que seja para cima”, diz o especialista em câmbio. Lima fez a projeção vislumbrando um cenário político de continuidade, sem impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas também sem forças políticas para promover reformas. No campo fiscal, os fundamentos devem continuar piorando, com o aumento do déficit da Previdência e da relação entre dívida pública e PIB (Produto Interno Bruto).

Um fator de risco que pode levar as projeções do dólar para cima é um movimento mais radical do governo em direção às políticas econômicas defendidas pela esquerda. “Não vejo uma pressão de saída de recursos do país, a não ser que o governo dê uma guinada à esquerda”, diz Daniel Weeks, economista-chefe da Garde Asset Management, também entre os que mais acertaram em 2015.

“O lado fundamentalista me preocupa menos, já que o ajuste das contas correntes do Brasil já foi brutal no ano passado. A minha maior preocupação é com a percepção de risco”, afirma o economista, que vê uma piora da trajetória fiscal. Ele projeta dólar a R$ 4,20 no fim do ano, projeção mais próxima da média.

O economista da Garde também destaca que os ventos internacionais também não são favoráveis à moeda brasileira: o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) deve continuar subindo os juros, a China continua desacelerando e o preço das commodities seguem em queda. Todos fatores que jogam contra as moedas de economias emergentes.

O Citi, outro grande acertador, espera dólar a R$ 4,31 ao fim de 2016. Vale observar que os que mais acertam ainda estão longe das estimativas mais pessimistas do Focus, que apontam para câmbio a R$ 4,80.   

“É preciso mais realismo na manifestação de projeções, mais ousadia na percepção dos quadros prospectivos. Dólar ao preço de R$ 4,21 ao fim de 2016 é absolutamente improvável, no nosso entender impossível mesmo”, avalia Sidnei Moura Nehme, economista e diretor corretora de câmbio da NGO, que vê o câmbio mais perto de R$ 5.

BC atropelado

O ano mal começou e o mercado já está em dúvida com relação aos movimentos do Banco Central. Tanto sobre quando a autoridade vai começar a subir os juros e de quanto deve ser o ciclo de alta. A maioria acredita em um aumento da Selic em 0,5 ponto percentual (pp) na reunião do Copom da próxima semana, mas ainda há os que estão céticos com relação à intervenção de Dilma na política monetária.

Entre os “acertadores”, o economista-chefe da Porto Seguro Investimentos, José Pena, projeta três altas de 0,5 pp e uma alta de 0,25 pp até o fim de 2016, o que levaria a Selic a 16%. Ele estima que, ao fim do ano, se vislumbrar uma inflação mais baixa para o ano seguinte, o BC poderá a começar a cortar os juros ainda neste ano. “Dois anos de recessão e uma menor pressão dos preços administrados na inflação podem abrir espaço para cortes”, avalia.

Para Pena, a comunicação do BC é clara quanto a um novo ciclo de aumento da Selic, mas dá a impressão de que não quer subir muito, de que o ajuste deve ser pequeno. “Mas acho que o BC vai ser atropelado pela realidade e terá que fazer um ajuste maior do que gostaria”, afirma.

A mediana das projeções para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano está em 6,93%, ou seja, acima do teto da meta do governo. Isso equivaleria dizer que o mercado espera quase uma queda de 4 pp da inflação em relação a 2015, quando a inflação medida pelo IPCA foi de 10,67%.

Para Nehme, projetar uma queda da inflação nesta magnitude não parece sustentável. “Mesmo que a recessão se faça expressiva, o país deverá ter, minimamente, 9% de inflação, já que as pressões não respondem mais a aumento de juro, pois não há demanda aquecida”, observa.

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