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Dólar vai ao maior nível em 4 meses contra real por Petrobras e receios econômicos globais

20 jun 2022 - 17h09
(atualizado às 17h39)
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O dólar fechou em alta contra o real nesta segunda-feira, no maior patamar em mais de quatro meses, com temores domésticos sobre o futuro da Petrobras somando-se a um ambiente internacional desafiador, em meio a receios sobre o impacto que políticas monetárias mais restritivas nos países desenvolvidos pode ter na economia global.

Notas de dólares
07/02/2011
REUTERS/Lee Jae-Won
Notas de dólares 07/02/2011 REUTERS/Lee Jae-Won
Foto: Reuters

A divisa norte-americana à vista avançou 0,81%, a 5,1878 reais, maior patamar para encerramento desde 14 de fevereiro deste ano (5,2195).

Na máxima intradiária, alcançada pela manhã, o dólar avançou 0,89%, a 5,1919 reais. A moeda perdeu fôlego em certo ponto das negociações e chegou a operar no vermelho contra o real no início da tarde, acompanhando uma aceleração de perdas do dólar no exterior, mas eventualmente recuperou seu ímpeto para fechar a sessão perto dos maiores patamares do dia.

Na B3, às 17:11 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,67%, a 5,2085 reais.

O pedido de demissão do presidente-executivo da Petrobras, José Mauro Coelho, foi apontado por parte dos mercados como fator de impulso para o dólar nesta sessão, já que poderia abrir espaço para interferência política na petroleira, que foi alvo de críticas do governo e do Congresso após reajuste nos preços de combustíveis anunciado no final da semana passada.

O governo do presidente Jair Bolsonaro indicou Caio Paes de Andrade, secretário especial do Ministério da Economia, para o cargo de CEO da Petrobras após a renúncia de Coelho, o terceiro a deixar o comando da empresa num contexto de insatisfação política com a definição de preços da estatal.

"Segue tensa a novela referente aos combustíveis e seus impactos na inflação, principal inimiga do governo Bolsonaro tendo em vista o projeto de reeleição", disseram em relatório estrategistas da Levante Investimentos.

"É bastante plausível que, em busca de um controle maior sobre os preços e reajustes dos combustíveis, o mundo político consiga interferir na Petrobras... O momento é de cautela para os mercados."

Além de fatores domésticos, a valorização do dólar nesta segunda-feira foi lida por alguns participantes do mercado como uma extensão de um rali recente, com a moeda norte-americana subindo em nove das últimas dez sessões, período em que acumula ganho de 8,59%.

Contribuíram para essa movimentação expectativas de um Federal Reserve mais agressivo, que se confirmaram na semana passada depois que o banco central dos Estados Unidos elevou sua taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, maior dose de aperto desde 1994.

Além de tornar a renda-fixa norte-americana mais atraente para investidores estrangeiros, o que tende a beneficiar o dólar, custos de empréstimos mais altos nos Estados Unidos elevam os temores de investidores de desaceleração econômica ou até de recessão em escala global, diminuindo o apetite por ativos arriscados, como moedas de países emergentes, disse Michelle Hwang, estrategista de câmbio e juros do BNP Paribas.

Estrategistas do Citi disseram em relatório a clientes que "a curva de juros reais dos EUA está mostrando sinais evidentes de uma política monetária mais restritiva, em ambiente caracterizado por algum grau de conforto para continuar precificando uma postura 'hawkish' (dura no combate à inflação) do Fed", o que reforça "a mensagem abrangente de pressão ascendente do dólar".

Além do real, algumas outras moedas de países emergentes, como peso chileno e rand sul-africano, também caíram contra o dólar nesta sessão.

Para a sessão seguinte, o foco de investidores estará na ata do último encontro de política monetária do Banco Central do Brasil, disseram tanto os estrategistas da Levante Investimentos quando Hwang, do BNP.

Ela avaliou o comunicado da reunião da semana passada, quando a autarquia aumentou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 13,25%, como "mais brando", sinalizando provável desaceleração no ritmo de aperto monetário em agosto.

Quanto mais agressivo é o BC na elevação dos juros básicos, mais o real tende a se beneficiar, já que fica mais rentável --e, consequentemente, atraente-- para o investidor estrangeiro. Da mesma forma, indicações mais moderadas da autarquia sobre o aperto monetário costumam reduzir o apelo da moeda brasileira.

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