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Dólar recua 1,6% após decisão do Banco Central sobre a Selic; Bolsa sobe 0,3%

Na última quarta-feira, a entidade monetária subiu a taxa Selic pela segunda vez consecutiva, para 3,50% ao ano, movimento que deve ajudar a fortalecer o real, explicam analistas

6 mai 2021 - 11h36
(atualizado às 18h16)
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O dólar operou em forte queda ante o real nesta quinta-feira, 6, de olho na chance de uma alta ainda maior da taxa Selic no futuro, após o Banco Central subir a taxa em mais 0,75 ponto percentual ontem, para 3,50% ao ano. A moeda americana fechou hoje em queda de 1,62%, a R$ 5,2779. Já a Bolsa brasileira (B3) chegou a cair pela manhã, mas foi ajudada pelo mercado de Nova York logo no final do pregão. Em resposta, ela encerrou com ganho de 0,30%, aos 119.920,61 pontos.

O real teve o melhor desempenho no mercado internacional nesta quinta, considerando as 34 divisas mais líquidas. A moeda para junho caiu 1,38%, a R$ 5,2940. Apesar de divergências quanto ao tom do comunicado do Banco Central sobre a alta de juros, a visão consensual é que mais altas virão pela frente e o real tende a ganhar força nesse ambiente, recuperando o espaço perdido para outros emergentes.

O Bank of America prevê mais duas elevações de 0,75 ponto porcentual, uma em junho e outra em agosto. Já a consultoria inglesa TS Lombard vê o risco de o BC ter de elevar a Selic a 6,5% até o fim do ano, caso haja piora do risco fiscal e uma desancoragem das expectativas de inflação para 2022. O banco suíço Julius Baer elevou a previsão de Selic ao final de 2021 de 4,5% para 5%.

Caso não haja piora dos riscos fiscais, os economistas do Citi avaliam que o juro mais alto tende a igualar as taxas do Brasil a de outros emergentes, trazendo de volta as operações de 'carry trade', quando um investidor toma recurso em um país de juro zero e aplica em outro de taxa mais alta. Atualmente, o México, com juro de 4%, era o mercado na América Latina que vinha sendo alvo desse tipo de operação, o que pressionava o real.

Neste contexto, o Citi espera que o real tenha desempenho levemente melhor em comparação a outras moedas emergentes do que nos últimos anos, quando acumulou o posto de pior divisa internacional.

"Tende agora a ter atratividade maior para o investidor estrangeiro alocar seus recursos aqui", afirma o economista da Amplla Assessoria em Câmbio, Alessandro Faganello, destacando que o BC não só elevou os juros em 0,75 ponto ontem como sinalizou outro aumento da mesma magnitude em junho.

Para o analista de pesquisa de estratégia de mercados emergentes do Julius Baer, Mathieu Racheter, a mensagem do BC é de juros mais altos e deve ajudar o real no curto prazo. Mas mesmo com a Selic em alta, o grupo financeiro suíço está mais cauteloso com o Brasil e recomenda a seus clientes que sejam "seletivos" com ativos brasileiros, em meio a um cenário incerto, com a antecipação da campanha presidencial de 2022, com a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao jogo, além de uma retomada econômica ainda lenta por causa da pandemia.

No exterior, o dólar caiu forte hoje ante moedas principais, como o euro, e nos emergentes. Dados mais fracos de auxílio desemprego ajudaram, mas a expectativa maior é pelo relatório mensal de emprego (payroll), que será divulgado amanhã. Os economistas do canadense TD Bank esperam criação forte de vagas em abril nos Estados Unidos, de 875 mil, por causa dos estímulos fiscais e do avanço da vacinação. O número, porém, deve ser menor que o de março (916 mil) e vir acompanhado por queda nos salários.

Bolsa

O Ibovespa ganhou tração na reta final da sessão de negócios hoje, diante da aceleração do ritmo de alta do mercado de Nova York e, localmente, um avanço mais forte das ações da Vale. Os papéis da mineradora foram ajudados pelo avanço na cotação do minério de ferro, que rompeu a marca dos US$ 200 por tonelada na China. Com isso, o índice conseguiu defender os 119 mil pontos.

Thomas Giubert, economista e sócio da Golden Investimentos, afirma que o comportamento do mercado acionário nesta sessão mostra que está difícil romper o nível dos 120 mil pontos porque não há clareza de informações tanto do ponto de vista corporativo, com quais setores estariam melhores para se posicionar, quanto do noticiário.

Pelo lado negativo, ações do setor financeiro e da Petrobrás, que acompanhou a queda das cotações dos contratos futuros de petróleo nesta quinta-feira, em razão da percepção no mercado de que a piora da pandemia na Índia representa riscos para a demanda. Vale ON avançou 3,92%, mas Petrobrás ON teve queda de 1,41%, Itaú Unibanco PN, de 0,62% e as units do Santander, de 0,49%.

Em Nova York, a fala de um dirigente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), sobre a manutenção da política monetária pró-estimulos nos EUA, fortaleceu o ganho dos índices. O Dow Jones subiu 0,92%, em novo recorde histórico de encerramento. S&P 500 e Nasdaq tiveram ganhos de 0,81% e 0,37% cada. /ALTAMIRO SILVA JÚNIOR, SIMONE CAVALCANTI E MAIARA SANTIAGO

Estadão
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