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Dólar tem maior queda semanal desde janeiro, mas segue acima de R$ 4

No mercado de ações, o Ibovespa recuou 0,30% nesta sexta-feira, 24, mas encerra semana com ganho de 4,04%

24 mai 2019 - 18h28
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O real foi a moeda de país emergente que mais se fortaleceu ante o dólar nesta sexta-feira, 24, pondo fim a dias conturbados no mercado de câmbio brasileiro. A sessão foi marcada por enfraquecimento geral da moeda americana no exterior, tanto ante divisas de emergentes como de países desenvolvidos, com a expectativa de que avancem as negociações comerciais entre Estados Unidos e China.

Na semana, o dólar acumulou queda de 2,07%, o maior recuo em cinco dias desde o final de janeiro. Operadores destacam que o ambiente político mais ameno e o mercado externo mais calmo contribuíram para a queda do risco Brasil e o fortalecimento do real. O dólar à vista fechou a sexta-feira em baixa de 0,80%, a R$ 4,0152, a menor cotação em 10 dias.

No mercado de ações, o índice Bovespa teve seu terceiro pregão consecutivo de baixa, mas nem por isso encerrou a semana com resultado negativo. O principal índice de ações da Bolsa chegou a subir mais de 1% pela manhã, mas perdeu fôlego à tarde e fechou em baixa de 0,30%, aos 93.627,80 pontos. No acumulado da semana, o Ibovespa marcou ganho de 4,04% - o segundo melhor do ano -, obtido graças ao bom desempenho das ações na segunda-feira (+2,17%) e na terça (+2,76%).

Nesses dois pregões, prevaleceu a melhora da percepção do cenário político, com os sinais de maior comprometimento dos parlamentares com a pauta de votações e a tramitação da reforma da Previdência.

Dólar

Apesar do dia mais calmo nesta sexta-feira, profissionais de câmbio destacam que o patamar de R$ 4,00 se transformou em um nível de resistência para a baixa do dólar. A moeda só cairia de forma consistente abaixo deste nível se houver notícias positivas concretas sobre a tramitação da reforma da Previdência no Congresso. Caso isso ocorra, pode testar o intervalo de R$ 3,90/3,95.

Os estrategistas em Nova York do banco americano Citi acreditam que já há uma boa quantidade de más notícias incorporadas no câmbio. Mas a expectativa ainda é de volatilidade alta na moeda americana no mercado doméstico durante a tramitação da reforma da Previdência na comissão especial. Eles acreditam que o texto seja aprovado em junho na comissão e até o final do ano receba o aval final do Congresso.

O gestor da Gauss Capital Carlos Menezes destaca que o aumento dos ruídos políticos em Brasília a partir de meados do mês levou muitos fundos e investidores estrangeiros a aumentarem a busca por proteção no dólar e em posições defensivas no mercado futuro. Nos últimos dias, o clima mais ameno em Brasília e o avanço de algumas medidas, como aprovação da Medida Provisória (MP) 870, que reorganiza os ministérios, provocaram o desmonte destas posições por fundos e estrangeiros.

Bolsa

Acabou pesando no pregão desta sexta-feira, ainda que levemente, a cautela antes das manifestações pró-governo programadas para domingo, além do feriado nos Estados Unidos na segunda-feira, fator que reduz a liquidez nos mercados emergentes.

"O Congresso mostrou maior engajamento e as votações foram positivas para o governo. Com isso, houve queda do dólar e dos juros futuros e a semana acabou bem positiva para a Bolsa", disse Bruno Madruga, responsável pela área de renda variável da Monte Bravo Investimentos. Madruga atribuiu a leve baixa de hoje à ausência de fatos novos e a uma precaução pontual antes das manifestações de domingo, "porque não se sabe o que vai acontecer."

Para Luiz Roberto Monteiro, analista da mesa institucional da Renascença Corretora, a alta do Ibovespa nesta semana não chega a justificar uma melhora de perspectiva para o índice. Ele lembra que o referencial ainda acumula queda de 2,83% em maio, com forte saída de recursos externos da B3.

"É bom ver o Ibovespa subir 4% na semana, mas o problema é que ele chega próximo desse patamar e trava, não define para qual lado irá. O mercado já subiu em cima de expectativas, mas agora quer ver fatos concretos para atrair recursos e ir além", disse o profissional.

Na análise por ações, a queda do Ibovespa no dia foi determinada pelo setor financeiro, tendo como destaque Itaú Unibanco PN (-1,49%) e Bradesco PN (-0,98%). A melhora do humor no mercado internacional, com menor aversão ao risco por conta da tensão comercial, favoreceu ações ligadas a commodities. Petrobrás PN subiu 0,97% e Vale ON subiu 1%. Do lado das altas, chamaram a atenção as ações de consumo, que avançaram com a expectativa de redução de juros neste ano. O ICON, índice da B3 que acompanha papéis de consumo cíclico e não-cíclico, teve alta de 0,05% no dia.

Estadão
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