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Dólar sobe pelo 7° pregão seguido com temores sobre alta de juros nos EUA

14 jun 2022 - 17h13
(atualizado às 17h40)
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O dólar avançou pelo sétimo pregão seguido e renovou sua maior cotação em um mês contra o real nesta terça-feira, acompanhando o salto da moeda norte-americana no exterior para os maiores patamares em duas décadas, um dia antes de o que pode vir a ser o maior aumento de juros nos Estados Unidos em 28 anos.

Notas de cem reais
07/02/2011
REUTERS/Lee Jae-Won
Notas de cem reais 07/02/2011 REUTERS/Lee Jae-Won
Foto: Reuters

A moeda norte-americana à vista avançou 0,43%, a 5,1341 reais, maior patamar para encerramento desde 12 de maio(5,1424), depois de oscilar entre 5,0868 reais na cotação mínima (-0,49%) e 5,1525 reais na máxima da sessão (+0,79%).

A sequência de sete valorizações diárias consecutivas, em que os ganhos do dólar totalizaram 7,5%, foi a mais longa desde uma série de mesma duração finda em 30 de setembro do ano passado.

Com esse desempenho, a divisa norte-americana reduziu as perdas acumuladas no ano para 7,9%, ficando 11,4% acima da mínima para fechamento de 2022, de 4,6075 reais, atingida no início de abril.

Na B3, às 17:05 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,21%, a 5,1550 reais.

O Federal Reserve, banco central norte-americano, encerra um encontro de política monetária de dois dias na quarta-feira, e os mercados --que há apenas alguns dias tinham uma alta de 0,50 ponto percentual nos juros como praticamente garantida para a reunião-- passaram a apostar majoritariamente numa dose de aperto mais intensa, de 0,75 ponto.

Essas expectativas, alimentadas por dados da semana passada que mostraram a inflação ao consumidor norte-americano acelerando bem mais do que o esperado em maio, impulsionaram os rendimentos da dívida soberana dos EUA para os maiores patamares em vários anos nesta quarta-feira, com a taxa referencial de dez anos indo a pico desde 2011.

Isso deu forças ao dólar, que atingiu seu maior patamar desde dezembro de 2002 contra uma cesta de divisas fortes nesta quarta-feira, movimento que abriu caminho para a derrocada da maioria das moedas de países emergentes. Os mercados de ações acompanharam o movimento de fuga de ativos arriscados e também caíram com força no dia. [.NPT] [.EUPT]

"A grande preocupação é com a inflação, de que o Fed está ainda mais atrás da curva do que o mercado imaginava", disse à Reuters Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos. "Isso aumenta a aversão a risco, o dólar é a moeda de segurança e aí o dólar se valoriza contra as outras moedas. Isso é um cenário pior para mercados emergentes."

Morelli disse ver um cenário em que "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". Ao mesmo tempo que um aumento muito agressivo nos juros pelo Fed poderia minar o crescimento econômico dos EUA e derrubar ativos considerados arriscados, como o real, a entrega de um ajuste abaixo do atualmente precificado poderia ser vista como insuficiente diante do nível elevado de inflação e se mostrar "ainda pior" para o desempenho dos mercados, disse o especialista.

O Brasil não escapou do movimento coordenado de aversão a risco que tem assolado os mercados internacionais nos últimos dias, e, além da alta do dólar, as taxas dos principais DIs dispararam nesta quarta-feira. Enquanto isso, alavancada pelo clima tenso no exterior, uma medida do risco-país foi ao maior patamar em dois anos.

No entanto, o alto patamar dos custos dos empréstimos brasileiros pode limitar as perdas do real nesse contexto.

"Estamos num choque global de juros e inflação elevada. Isso sempre será instável, mas não há país mais bem preparado do que o Brasil, com o maior rendimento real de dez anos entre os principais mercados emergentes", opinou em postagem no Twitter Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês).

A taxa Selic está atualmente em 12,75% ao ano, depois que um ciclo de aperto monetário iniciado em março do ano passado --bem adiantado em relação aos bancos centrais de economias avançadas-- tirou os juros básicos de uma mínima histórica de 2%, atingida durante a pandemia de Covid-19.

Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que, assim como o encontro do Fed, se encerra na quarta-feira, a Selic deve ser elevada em 0,50 ponto percentual, a 13,25%, segundo a visão majoritária no mercado. No entanto, a probabilidade implícita em contratos de DI já indica 31% de chance de aumento mais agressivo, de 0,75 ponto.

Quanto mais a Selic sobe, mais interessante fica o real para investidores que buscam lucrar com a compra de moedas de alto rendimento.

Mesmo assim, "posso garantir que até o final do ano vai ter muita volatilidade" no mercado de câmbio doméstico, disse Morelli, da Davos, prevendo períodos de baixa intensa do dólar seguidos abruptamente por momentos de rápida valorização ao longo dos próximos meses.

"A volatilidade não vai terminar enquanto não ficar mais claro o cenário internacional" e enquanto não passar o período eleitoral brasileiro, completou.

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