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Dólar salta 2,64%, maior alta em 13 meses, e vai a R$3,81

Última vez que a moeda teve uma alta desse tipo foi quando as delações dos executivos da J&F atingiram Temer, disparando 8,15%

14 jun 2018 - 17h12
(atualizado às 17h25)
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O dólar subiu mais de 2,5% e fechou esta quinta-feira acima do patamar de R$ 3,80 influenciado pelos mercados externos, após o Banco Central Europeu (BCE) anunciar que vai acabar com seu programa de compras de títulos no fim deste ano, mas que isso não significava juros maiores no curto prazo.

O mercado local também foi pressionado pela perspectiva de que está chegando ao fim o plano anunciado pelo Banco Central de intervir mais pesado até o fim dessa semana.

O dólar avançou 2,64%, a R$ 3,8119 na venda, maior alta desde 18 de maio do ano passado, quando disparou 8,15% após delações de executivos da J&F acertarem em cheio o presidente Michel Temer.

Na máxima da sessão, a moeda norte-americana foi a R$ 3,8160, com valorização de 2,75%. O dólar futuro tinha alta de cerca de 2,45% no final da tarde.

Homem manuseia notas de dólar
30/05/2017
REUTERS/Mariana Bazo
Homem manuseia notas de dólar 30/05/2017 REUTERS/Mariana Bazo
Foto: Reuters

"O euro despencou e fortaleceu o dólar no mundo todo. Lá fora as moedas emergentes pioraram muito, tínhamos que acompanhar", comentou um operador de câmbio de uma corretora local.

O euro caía mais de 1,5% ante o dólar nesta sessão, após o BCE decidir manter as taxas de juros em baixas recordes até o verão de 2019 no hemisfério Norte e estender seu enorme programa de compra de títulos até o final deste ano, embora vá reduzir o volume de compras a partir de outubro.

A decisão do BCE de prolongar o estímulo monetário veio em meio a preocupações com a desaceleração do crescimento na zona do euro, a turbulência política na Itália e as tensões comerciais globais, disseram analistas.

A decisão do banco europeu vem um dia depois de o Federal Reserve, banco central norte-americano, ter anunciado que pretende elevar os juros quatro vezes neste ano, ambas decisões com implicações sobre o fluxo global de recursos e impacto sobre países emergentes, como o Brasil.

Com a fraqueza do euro, o dólar subia mais de 1% ante uma cesta de moedas e avançava ante as divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano, devolvendo as quedas de mais cedo.

Os profissionais das mesas de operações no Brasil citaram que contribuiu para reforçar o salto do dólar ante o real a proximidade do fim do lote de US$ 20 bilhões em swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- que o BC sinalizou que injetaria no mercado até esta semana.

"O estoque do BC está acabando. Voltou a especulação, o mercado está chamando o BC, quer saber o que ele vai fazer", comentou o gerente de câmbio da corretora Ourominas, Mauriciano Cavalcante.

Nesta sessão, a autoridade fez três leilões de swaps, somando desde a sexta-feira passada até agora US$ 18 bilhões. O último leilão do dia, de 20 mil contratos, foi realizado no meio da tarde, quando o dólar disparava ao redor do mundo.

Na véspera, especialistas consultados pela Reuters avaliaram que a atuação mais firme do BC deveria cumprir o prazo dado pelo presidente da instituição, Ilan Goldfajn, e terminar nesta sexta-feira, o que não queria dizer que a autoridade deixará o mercado à deriva.

Ilan também disse na semana passada que, se fosse necessário, o BC continuaria atuando no mercado, inclusive com outros instrumentos.

O BC vendeu ainda nesta sessão a oferta integral de até 8.800 swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem, já somando US$ 4,4 bilhões do total de US$ 8,762 bilhões que vence em julho. Se mantiver esse volume até o final do mês, fará rolagem integral.

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