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Dólar fecha em máxima desde maio com aversão a risco global e foco em Copom

28 out 2020 - 17h15
(atualizado às 17h24)
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O dólar registrou forte alta contra o real nesta quarta-feira, fechando em seu maior patamar desde meados de maio mesmo depois que o Banco Central interveio nos mercados de câmbio com leilão de moeda à vista, refletindo a aversão a risco global e expectativas de manutenção da taxa Selic em sua mínima histórica pelo Copom.

Notas do dólar são dispostas. 13/01/2011. REUTERS/Kacper Pempel.
Notas do dólar são dispostas. 13/01/2011. REUTERS/Kacper Pempel.
Foto: Reuters

O dólar negociado no mercado interbancário saltou 1,42%, a 5,7633 reais, máxima de encerramento desde 15 de maio (5,8392), em sessão em que o BC vendeu mais de 1 bilhão de dólares em moeda à vista. No pico do pregão, a moeda norte-americana foi a 5,7933 reais, maior nível intradiário desde 18 de maio, data em que chegou a superar a marca de 5,80.

Na B3, o dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,94%, a 5,7605 reais.

A quarta-feira foi marcada por uma onda de cautela nos mercados internacionais, com o dólar subindo cerca de 0,3% contra uma cesta de moedas fortes, enquanto todos os principais pares do real apresentaram queda.

Segundo nota do time econômico da Guide Investimentos, colaborando para a aversão a risco, "a agressiva segunda onda de coronavírus na Europa e a piora do quadro nos EUA adicionam forte incerteza a um ambiente que já conta com forte volatilidade em função da proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos".

Entre os investidores, o principal temor diante de uma segunda onda da doença é a reimposição de lockdowns nas principais economias, que podem minar uma frágil recuperação global diante do tombo causado pela pandemia. A Alemanha, a principal potência europeia, já caminhava para a adoção de novas restrições à atividade a partir da semana que vem. França também anunciou novas restrições nesta quarta-feira.

Nos Estados Unidos, o cenário continuava nebuloso antes das acirradas eleições presidenciais, disputadas pelo atual presidente, Donald Trump, e seu adversário democrata, Joe Biden, enquanto a Casa Branca e o Congresso norte-americano continuam sem um acordo para mais medidas de auxílio fiscal, consideradas essenciais para a recuperação do emprego e da atividade empresarial na maior economia do mundo.

Por aqui, o foco dos investidores brasileiros seguirá na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que será concluída ainda nesta quarta-feira. A expectativa é de que o Copom mantenha a taxa Selic em sua mínima histórica de 2%.

O patamar extremamente baixo da taxa básica de juros tem sido apontado como um dos principais fatores para a desvalorização do real em 2020, uma vez que afeta a rentabilidade de ativos locais atrelados à Selic. Um cenário fiscal e econômico incerto tem aprofundado ainda mais as preocupações domésticas.

No ano, o dólar acumula salto de cerca de 43% contra o real.

"Percebemos que o Brasil saiu do radar do exterior já há algum tempo. Não temos juros, não temos perspectiva de crescimento de médio prazo factível", disse à Reuters Italo Abucater, gerente de câmbio da Tullett Prebon. "A 'cereja do bolo' é o Copom, com sinais de que não haverá aumento de juros tão cedo."

Além da intervenção extraordinária com moeda spot, o Banco Central realizou neste pregão leilão de swap tradicional para rolagem de até 12 mil contratos com vencimento em abril e agosto de 2021, em que vendeu o total da oferta.

Segundo Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora, o BC tem apresentado estratégias pouco eficientes de intervenção no mercado de câmbio, evitando adoção de medidas como a venda de novos swaps para evitar passar uma imagem de preocupação com o cenário.

Em relação ao leilão à vista deste pregão, Nehme opinou que "é só uma sinalização de que o BC está atento. Você só age com o mercado a vista quando há um fluxo muito negativo".

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