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Dólar supera R$5,65 e real tem pior desempenho no mundo com incerteza fiscal

1 out 2020 - 17h09
(atualizado às 17h45)
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O dólar fechou na máxima em cerca de quatro meses e meio nesta quinta-feira, acelerando os ganhos perto do fechamento e empurrando o real ao posto de divisa com pior desempenho no dia, em sessão de novo mal-estar sobre questões fiscais.

24/09/2015. REUTERS/Sergio Moraes
24/09/2015. REUTERS/Sergio Moraes
Foto: Reuters

A cotação negociada no mercado à vista subiu 0,61%, a 5,6531 reais, maior patamar desde 20 de maio (5,6902 reais).

Na mínima do dia, atingida ainda no começo do pregão, a moeda mostrou queda de 0,77%, a 5,5756 reais. Mas o alívio durou pouco, e perto das 11h o dólar já operava em alta, mantida por toda a tarde e reforçada depois das 16h30, período em que a divisa bateu a máxima da sessão, de 5,6652 reais (+0,83%).

O dia já foi de fortalecimento do dólar frente a algumas moedas emergentes, mas a performance pior do real esteve relacionada a um desconforto sobre o recente noticiário relativo à política fiscal.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, admitiu nesta quinta-feira que a criação do programa Renda Cidadã depende de corte de recursos em outras áreas ou alguma medida fora do teto de gastos, já que o governo não tem dinheiro extra, e que o Congresso terá que decidir.

Os ativos brasileiros vêm nesta semana demonstrando mais fraqueza em relação a seus pares, depois da turbulência da segunda-feira, após o governo propor que o Renda Cidadã (programa de transferência de renda que substituirá o Bolsa Família) fosse financiado com recursos para precatórios e verbas do próprio Bolsa Família (que será extinto) e do Fundeb.

Com tamanha reação negativa do mercado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu na quarta-feira o financiamento do novo programa com a junção de recursos de iniciativas que já existem --segundo Guedes, ideia original da equipe econômica--, descartando a limitação ao pagamento de precatórios para tanto. Mas os comentários de Guedes pouco fizeram para amenizar de forma substancial as preocupações.

"O desastre do Renda Cidadã coincidiu com a apreciação global do dólar contra moedas emergentes. O real depreciou mais. Nos últimos dois dias o movimento global tomou outra direção, o governo corrigiu a besteirada, mas o real continuou parado. Entramos em uma crise de confiança", comentou Luiz Fernando Alves, sócio do Fundo Versa.

A pressão que afetou o câmbio também foi visível nos juros nesta sessão, com as taxas de médio prazo chegando a saltar mais de 10 pontos-base.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira que a autoridade monetária retirará imediatamente seu compromisso de não subir os juros, explicitado na nova política de "forward guidance" (orientação futura), no caso de violação do teto de gastos, segundo relatos de três fontes ouvidas pela Reuters e que participaram de evento virtual com o presidente do BC.

Especialistas chamam atenção para o fato de, mesmo com apoio do centrão no Congresso, o governo ainda precisar de mais tempo para convencer parlamentares a votar os vetos de Bolsonaro à desoneração da folha de pagamento de setores da economia até dezembro de 2021, indicativo de dificuldade de articulação que expõe a dificuldade de tocar as reformas.

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