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Dólar fecha a R$ 5,60 e Bolsa tem leve alta de olho em desoneração dos combustíveis

Apesar do cenário externo favorável, ativos domésticos ficaram sem fôlego, após a notícia de que o governo pode compensar a desoneração do diesel com aumento de imposto para os bancos

1 mar 2021 - 19h32
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Apesar do movimento positivo no exterior, com a aprovação do pacote de estímulo fiscal trilionário proposto por Joe Biden, os ativos domésticos fecharam sem muito fôlego nesta segunda-feira, 1º de março. No câmbio, o dólar terminou em leve queda de 0,09%, cotado em R$ 5,6006. Já a Bolsa brasileira teve leve ganho de 0,27%, aos 110.334,83 pontos .

Pesou no mercado a notícia de que o governo pode compensar a desoneração do diesel com aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos. O reflexo geral desse ambiente de mais incerteza é uma nova rodada de reforço de posições defensivas por grandes investidores no mercado futuro. Só os estrangeiros elevaram posições compradas, que ganham com a valorização do dólar, em US$ 1,3 bilhão na sexta-feira.

Pela manhã, a notícia da aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão proposto por Joe Biden na Câmara em Washington fez o dólar cair para a mínima do dia, a R$ 5,55, com o real acompanhando seus pares emergentes. A queda dos retornos dos títulos do Tesouro americano também ajudou a retirar pressão das moedas de emergentes e exportadores de commodities. A moeda para abril fechou em alta de 0,68%, a R$ 5,6475.

"Pela tarde este movimento continuou nos demais emergentes e moedas como os dólares da Austrália, Canadá e Nova Zelândia. A redução no rendimento dos títulos do Tesouro americano hoje, ainda que se mantenha em patamares altos, e o aumento nos preços das commodites estão ajudando estas moedas", observa o analista sênior de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo. Mas o real segue na contramão.

"A deterioração das expectativas persiste", comenta o economista-chefe da JF Trust Gestão de Recursos, Eduardo Velho. O foco agora é a votação, adiada da semana passada para esta quarta-feira, 3, da PEC Emergencial. O economista avalia que um texto desidratado, sem contrapartidas de cortes do mesmo montante que o aumento do auxílio, pode levar a uma nova piora das expectativas dos agentes, incluindo para inflação e os juros.

"Auxílio sem sustentabilidade fiscal é tiro no pé", comentam os estrategistas da Blueline Asset Management. "O desarranjo financeiro, que pode ser desencadeado caso o auxílio não tenha nenhum tipo de contrapeso fiscal, tornaria a ajuda de renda inócua ao longo do tempo, pois traria aumento de inflação, contração das condições financeiras e menor crescimento." Bolsonaro disse hoje que está quase tudo pronto para recriar o auxílio, que será de R$ 250 e vai durar 4 meses.

Com a maior cautela, grandes investidores fizeram fortes reforços de posições em busca de proteção no mercado futuro. Estrangeiros aumentaram posições compradas em 26 mil contratos, o equivalente a US$ 1,3 bilhão na sexta, enquanto bancos elevaram em US$ 1,5 bilhão, de acordo com números da Bolsa monitorados diariamente pela corretora Renascença.

Bolsa

Na máxima, o Ibovespa chegou a tocar nos 112,4 mil pontos, mas não conseguiu segurar a linha no fechamento, nem mesmo a de 111 mil, também atento à mudança na tributação dos bancos para comportar a desoneração do diesel. O discreto avanço do índice hoje ocorre após ele ter cedido 8,4 mil pontos na semana passada, quando acumulou perda de 7,09%, a maior desde o fim de outubro. Na B3, o giro financeiro ficou em R$ 39,3 bilhões e, no ano, o Ibovespa cede 7,30%.

Na contramão, Nova York fechou em forte alta, de olho não apenas na aprovação do pacote trilionário, mas também na liberação no uso da vacina contra a covid Johnson & Johnson, de dose única, nos Estados Unidos. Em Nova York, os ganhos chegaram a 3,01% no Nasdaq no fechamento desta segunda. Dow Jones e S&P 500 tiveram ganhos de 1,95% e 2,38% cada.

"Agora que os EUA têm três vacinas altamente eficazes, as expectativas para a (obtenção de) imunidade de rebanho em algum momento do verão (no hemisfério norte) devem liberar poder de compra que estava reprimido", observa em nota o analista Edward Moya, da OANDA em Nova York, observando que a progressão dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano pode ser conciliada a mercado acionário em alta, em ambiente de crescimento econômico - leitura favorecida hoje por dados sobre a atividade industrial no país em fevereiro, em desempenho sólido.

"Caminhávamos para uma correção técnica hoje, vindo o Ibovespa de uma série negativa, que abre espaço para o índice buscar recuperar a linha de 115 mil pontos, possivelmente ainda nesta semana. Vale (ON +4,28%, a R$ 98,57) foi fundamental para o desempenho de hoje, nesta circunstância perfeita para a empresa, de dólar e minério de ferro em alta - é uma ação que pode buscar os R$ 100, R$ 105. Banco do Brasil também chegou a mostrar bom desempenho após ter sofrido na semana passada com os rumores sobre troca de comando em estatais", diz Marcio Gomes, analista da Necton Investimentos.

No dia de estreia do Assaí na B3, houve extrema volatilidade dos papéis resultantes da cisão com o Grupo Pão de Açúcar. Enquanto o Assaí chegou a subir mais de 400%, a ação do Pão de Açúcar mostrava perda de 65,84% no fechamento desta segunda-feira, bem à frente de Cielo, com queda de 6,11% e de Yduqs, de 4,61%. No lado oposto, Assaí subiu 385,73%, com PetroRio em alta de 5,53% e Hapvida, de 5,29%. /ALTAMIRO SILVA JÚNIOR, LUÍS EDUARDO LEAL E MAIARA SANTIAGO

Estadão
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