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Dólar cai com exterior, mas risco fiscal mantém moeda acima de R$5,70

13 abr 2021 - 17h36
(atualizado em 14/4/2021 às 15h56)
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O dólar operou como montanha-russa nesta terça-feira e, depois de muito vaivém, fechou com leve queda, mas ainda acima de 5,70 reais, com problemas fiscais e políticos no Brasil reduzindo o impacto da fraqueza da moeda norte-americana no exterior após dados de inflação nos Estados Unidos.

Notas de um dólar em frente a gráfico de ações
08/02/2021
REUTERS/Dado Ruvic
Notas de um dólar em frente a gráfico de ações 08/02/2021 REUTERS/Dado Ruvic
Foto: Reuters

O dólar à vista caiu 0,14%, a 5,7175 reais na venda. A cotação oscilou entre 5,7567 reais (+0,54%) e 5,6637 reais (-1,08%).

Lá fora, o índice do dólar contra uma cesta de divisas cedia 0,3%.

A cotação no Brasil iniciou o dia em alta, ainda repercutindo o noticiário sobre possível flexibilização do teto de gastos, mas virou para baixo seguindo o comportamento do câmbio no exterior após dados de inflação nos Estados Unidos não referendarem apostas de redução de estímulos pelo banco central norte-americano.

Ao longo da tarde, porém, o dólar recobrou forças, zerando boa parte das perdas, conforme operadores evitaram apostas mais arriscadas em meio ao tenso foco voltado para Brasília.

O mercado ainda se mostrou ressabiado com riscos ao regime fiscal. Na véspera, o real teve o pior desempenho global, quando o dólar fechou em alta de 0,90%, a 5,7258 reais, após informações de que o Ministério da Economia e o governo, sob pressão do Congresso, estariam estudando a criação de uma PEC que, no fim das contas, permitiria a acomodação de algumas despesas fora do teto de gastos.

"O governo, por sua vez, não dá indícios de que pretende trazer a situação fiscal novamente para o caminho da responsabilidade", disse em carta mensal a gestora SPX, de Rogério Xavier.

O dólar sobe 10,13% no ano, o que deixa a moeda brasileira "brigando" com o peso argentino pelo posto de pior desempenho do mundo em 2020. À cotação de fechamento desta terça, o dólar está a apenas 3,21% da máxima recorde de 5,9012 reais marcada há exatos dez meses.

Com tamanho prêmio de risco embutido, novamente algumas instituições começaram a apontar algum exagero nos preços.

Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para América Latina do BNP Paribas, até acredita que a taxa de câmbio continuará vulnerável a choques no curto prazo, mas vê queda do dólar no segundo semestre à medida que a economia reabrir.

"O câmbio fica muito ruim, muito suscetível a choques e a ruídos no curto prazo. Mas, à medida que vai entrando a recuperação, outro estágio da economia, a moeda (o real) tende a performar melhor, a voltar um pouco mais para próximo de onde a gente acredita em termos de fundamento", afirmou.

O BNP projeta dólar de 5 reais ao fim do ano.

Estrategistas do Morgan Stanley avaliaram que, apesar de um "ponto de virada" ainda estar a algumas semanas de distância no Brasil, a barra para novas decepções pode estar "alta demais", conforme o prêmio de risco parece esticado e o posicionamento segue vendido --sugerindo que muita notícia ruim já está nos preços.

O Morgan Stanley entende que o real ainda não é o melhor veículo para apostas no Brasil, devido ao retorno ajustado pela volatilidade ainda muito baixo. O JPMorgan também se diz neutro em real, mas acredita que as altas de juros deverão ser positivas para os mercados à frente.

"A melhora dos diferenciais das taxas de juros deve ajudar a ancorar os mercados, especialmente com novas subidas de juros, à medida que levam a desmontes de posições vendidas em real", disseram Luis Oganes e Jonny Goulden em relatório de estratégia e cenário para mercados emergentes.

Segundo os profissionais do JPMorgan, o real é atualmente uma das moedas mais baratas do mundo emergente, de acordo com o modelo BEER (que leva em conta fundamentos) calculado pelo banco.

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