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Dólar cai ao fim de agosto instável e moeda pode testar R$5 até fim do ano, dizem analistas

31 ago 2021 - 18h12
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O dólar fechou em queda ante o real nesta terça-feira, indo a mínimas desde o início de agosto, mês em que acumulou baixa moderada após semanas de intensa volatilidade ditada sobretudo por problemas político-fiscais domésticos.

Notas de 5 dólares
REUTERS/Gary Cameron
Notas de 5 dólares REUTERS/Gary Cameron
Foto: Reuters

Nesta terça, a fraqueza do dólar no exterior se estendeu às operações locais, sobretudo pela manhã e em meio a ampla expectativa por dados do mercado de trabalho dos EUA ao fim da semana. À tarde, o mercado deixou as mínimas intradiárias após a definição da Ptax de fim de mês, por volta de 13h.

A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para liquidação de contratos futuros e outros derivativos. A pressão antes da definição da Ptax foi de venda conforme operadores buscavam direcionar a taxa para um patamar mais conveniente a suas posições.

Passada essa "janela", o mercado ficou "livre" para seguir o tom mais conservador nas praças externas, após dados mais fracos nos EUA e na China.

O dólar à vista caiu 0,32%, a 5,1724 reais na venda, longe da mínima do dia, de 5,11585 reais, quando caiu 1,41%. Na máxima, alcançada ainda pela manhã, a cotação foi a 5,1981 reais, alta de 0,17%.

Em agosto, a cotação acabou acumulando queda de 0,69%, depois de chegar a subir 4,13% até o dia 19, quando fechou acima de 5,42 reais.

Até os 19 primeiros dias prevaleceram a escalada de incertezas doméstica sobre as intenções do governo sobre as contas públicas e dúvidas acerca da política monetária dos EUA.

A partir de meados do mês falas mais explícitas dos líderes do Congresso sobre a defesa do teto de gastos e a possibilidade de uma solução para a conta de quase 90 bilhões de reais em precatórios para o ano que vem ajudaram a acalmar os nervos dos agentes financeiros em relação à austeridade fiscal.

Assim, em 20 de agosto o dólar começou a fazer o caminho inverso e passou a cair. A "queima" de prêmio de risco acelerou no fim da semana passada, quando o chefe do banco central dos EUA deixou em aberto o momento de corte de estímulos ao mesmo tempo que minimizou riscos de alta de juros.

Dados da B3 mostraram que desde 25 de agosto --quando começaram as rolagens de contratos de dólar futuro na B3--, estrangeiros e fundos de investimentos venderam quantia somada de 2,6 bilhões de dólares, o que ajuda a explicar parte da queda do dólar no período.

Como resultado, a volatilidade implícita nas opções de dólar/real de três meses--uma medida da percepção de instabilidade da taxa de câmbio-- já opera perto de mínimas em dois meses, enquanto o risco-país está nas mínimas em torno de um mês. Em meados de agosto, essas medidas foram a máximas desde abril e maio, respectivamente.

"Seguimos posicionados em real. Mesmo que não na mesma magnitude do começo do mês, mantemos um pé otimista com a moeda", disse Daniel Tatsumi, gestor de moedas da ACE Capital.

"Não acreditamos num andamento rápido de reformas --estamos no segundo semestre, tem eleições ano que vem...--, mas se a cena política não atrapalhar já ajuda", completou.

Guilherme Prado, operador de câmbio na Western Union Brasil, vê a partir de agora os Três Poderes em maior harmonia até o fim do ano, o que poderia ajudar na valorização do real, que, porém, ainda sofreria com riscos fiscais.

Um fator a dar suporte ao câmbio seria o juro mais alto, segundo Prado, que poderia levar o dólar para mais próximo de 5 reais. "Obviamente, pode ir um pouco além disso e furar esse patamar... mas acredito que o mercado logo corrija para cima uma cotação abaixo de 5 reais", ressalvou.

Em 2021, o dólar se desvaloriza 0,37% ante o real.

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