PUBLICIDADE

Dólar bate em R$ 4,12, mas cai depois de fala de Bolsonaro

Moeda americana se valorizou ao longo da manhã desta segunda-feira com piora no cenário político; Ibovespa recupera perdas da semana passada

20 mai 2019 - 11h58
(atualizado às 13h52)
Compartilhar
Exibir comentários

A desconfiança do investidor em relação ao cenário doméstico levou o dólar à cotação máxima de R$ 4,1221 nesta segunda-feira, 20. A moeda americana começou o dia em baixa, respondendo à antecipação de leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) do Banco Central e ao dólar mais fraco no exterior em decorrência da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

O dólar passou a cair, porém, depois que Bolsonaro, em evento na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), minimizou problemas de sua relação com o Congresso, afirmando que "não há briga entre poderes" e sim "uma grande fofoca". Disse ainda que "se a Câmara e o Senado têm proposta melhor, que ponham em votação", a respeito da reforma da Previdência.

Nesta manhã, o presidente da Comissão Especial da reforma da Previdência na Câmara, deputado Marcelo Ramos, afirmou que a proposta será tocada independentemente da relação entre Bolsonaro e o Congresso.

Às 13h25, o dólar à vista caía 0,34%, sendo cotado a R$ 4,0861, e o Ibovespa subia 1,71%, aos 91,536,07 pontos, após bater a máxima de 91.727,11 pontos.

A Bolsa recupera perdas da semana passada e se mantem em alta. Às 13h37, o Ibovespa marcava 91.428,70 pontos, com avanço de 1,60%. Na máxima, minutos antes, o índice chegou aos 91.727 pontos (+1,93%). A aceleração do indicador foi puxada justamente por ações sensíveis ao risco político, como Banco do Brasil (+3,86%) e Petrobrás PN (+1,86%)

O mercado também acompanha a tramitação de medidas provisórias na Câmara, especialmente a 870, que reestrutura os ministérios e esbarra em disputas políticas, e à atividade econômica decepcionante. Na pesquisa Focus divulgada pelo BC nesta manhã, analistas cortaram a mediana das estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 de 1,45% para 1,24%.

No exterior, o tom é de aversão ao risco, após companhias americanas suspenderem alguns negócios com a gigante de tecnologia chinesa Huawei, afetada por um decreto que limita suas operações nos Estados Unidos. O temor é de retaliação de Pequim num quadro já bastante sensível pelas indefinições das disputas comerciais EUA-China.

Dólar atinge maior cotação desde setembro de 2018

Quando bateu em R$ 4,1221, com alta de 0,53%, o dólar atingiu o maior valor desde 25 de setembro de 2018, quando foi cotado a R$ 4,1419.

O operador de câmbio da Fair Corretora, Hideaki Iha, avalia que a escalada do dólar vai afetar a inflação interna, que está sob controle atualmente, e o Banco Central precisaria fazer mais do que apenas antecipar a rolagem do vencimento de linha de junho, num total de US$ 3,750 bilhões - o BC anunciou três leilões desta segunda-feira até quarta.

O dólar já vem de três altas seguidas, que estavam acumuladas em 3,93% no mercado à vista até sexta-feira passada. O cenário político pirou muito, com mudanças sendo discutidas no projeto da reforma da Previdência, risco de recriação de ministérios, manifestação de apoiadores de Bolsonaro em resposta aos protestos contra cortes na área de Educação, revisões de PIB para baixo e desemprego em alta, relata o profissional da Fair Corretora.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade