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Dólar à vista zera queda com exterior arisco, mas alívio do lado fiscal ameniza pressão

4 mar 2021 - 17h36
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O dólar sofreu uma nova virada nesta quinta-feira, mostrando firme alta no mercado futuro depois de passar a sessão inteira em queda, com a pressão do cenário externo neutralizando repercussão positiva da aprovação da PEC Emergencial com limites de gastos, que aliviou temores sobre a trajetória das contas públicas.

Nota de dólar dos EUA
22.06/2017
REUTERS/Thomas White
Nota de dólar dos EUA 22.06/2017 REUTERS/Thomas White
Foto: Reuters

O movimento do câmbio nesta quinta foi na direção contrária do da véspera, quando, na reta final do pregão, o dólar despencou das máximas, após garantias do presidente da Câmara de que o Congresso respeitaria o teto de gastos.

O dólar à vista fechou com variação negativa de 0,01%, a 5,6617 reais na venda. Na B3, em que os negócios com derivativos de câmbio vão até 18h30, o dólar futuro de primeiro vencimento saltava 0,90% às 17h17, a 5,6740 reais.

No mercado spot, cujas operações se encerram às 17h, a moeda chegou a descer para 5,5449 reais (-2,08%) no começo da tarde, mas recobrou forças e engrenou alta em meio à deterioração nos ativos internacionais, pela percepção de que o Federal Reserve não está preocupado com o recente aumento nas taxas de títulos soberanos e das expectativas de inflação.

No pico do dia, a cotação subiu 0,40%, a 5,685 reais.

O salto nos rendimentos dos títulos encarece os custos de empréstimos, colocando entraves a uma já desafiadora recuperação econômica, enquanto a alta da inflação projetada aumenta a pressão para retirada de medidas de estímulos que inundaram o sistema financeiro com liquidez --a qual em parte migrou para mercados emergentes, como o Brasil.

O dólar saltava no exterior a máximas desde dezembro passado. O índice Nasdaq da Bolsa de Nova York chegou a cair mais de 3%, enquanto as taxas dos Treasuries de dez anos --referência para investimentos em todo o mundo-- disparavam 8 pontos-base, ficando a cerca de 6 pontos-base da máxima em um ano tocada na semana passada.

"Os rendimentos de longo prazo estão subindo em meio a dados fracos... Então, talvez essa liquidação (dos títulos) seja sobre um forte crescimento futuro, mas como grandes déficits impulsionam isso, também pode ser sobre um prêmio de risco fiscal", disse Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês).

Mesmo longe das mínimas do dia por causa do mau humor externo, o dólar ainda mostrou menos força aqui do que no exterior. A moeda subia 0,9% contra o peso mexicano e 1,4% frente ao rand sul-africano.

O anteparo ao mercado doméstico veio da véspera, com a aprovação no Senado da PEC Emergencial, que manteve sob seu guarda-chuva o Bolsa Família e veio com limite de 44 bilhões de reais a ser excepcionalizado das regras fiscais em 2021. A proposta foi aprovada em segundo turno pelos senadores nesta quinta-feira. Segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o texto será discutido na próxima terça-feira na Câmara.

O alívio --uma vez que o projeto não afrouxou ainda mais as regras fiscais-- já estimula analistas a rever posições negativas sobre o real.

Profissionais do Barclays avaliam que já é hora de montar posições favoráveis ao real, ainda que, por ora, limitadas ao mercado de opções. Eles recomendam posição em "put" (opção de venda) de três meses em dólar/real, com spread entre 5,45 reais e 5,35 reais, após ponto de entrada em 5,6180 reais.

"Os sinais apontam preservação do arcabouço fiscal, e governo e Congresso parecem cientes das consequências negativas para os mercados e a economia caso o teto de gastos seja comprometido", disseram Juan Prada e Roberto Secemski, lembrando ainda que os ativos locais podem se beneficiar da valorização das commodities.

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