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Startup leva dados de estádios para as 'peladas' de fim de semana

Câmeras vão monitorar o movimento dos jogadores para gerar as estatísticas do jogo nas quadras da Appito, criada em 2018

27 jul 2022 - 05h11
(atualizado às 09h59)
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As estatísticas de jogos que aparecem na televisão - chutes a gol, número de faltas cometidas, escanteios e a velocidade da bola em determinado lance - agora vão deixar de ser só coisa de time grande. Aquela pelada com os amigos agora também vai ter todos esses dados, no que depender de uma startup de São Paulo.

Criada em 2018 por dois amigos franceses que moram na capital paulista, a Appito começou como um "Tinder" para juntar gente para as partidas e foi evoluindo até virar um "Big Brother" das peladas. A empresa começa agora a usar tecnologia de "computer vision" - câmeras que medem dados - para criar a estatística da pelada com os amigos.

Foto: iStock
A partir do início do ano que vem, as partidas feitas nas Appito Arena, em São Paulo, vão ser filmadas por essas câmeras. Elas medem parâmetros que vão dar aos jogos de fim de semana estatísticas semelhantes às vistas nos jogos na TV. "Os usuários também vão poder selecionar trechos da partida para compartilhar", diz Rodolphe Timsit, presidente e cofundador da Appito, com Alexandre Delepau, diretor de operações.

A história da Appito começou de um jeito bem mais simples. "A gente queria jogar mas não conseguia juntar 15, 20 pessoas para formar os times. Daí saiu a ideia do aplicativo", conta Timsit.

Esse foi o embrião da Appito. Dois anos depois da criação do app, os dois sócios levaram a "sporttech" para o mundo físico, com a inauguração das quadras de pelada da Appito Arena, na Vila Leopoldina, na zona Oeste da capital Paulista, após receberem seu primeiro aporte externo.

"Esse negócio de quadra para jogar futebol é um modelo que não evoluía já há alguns anos. Então a gente quis levar a coisa toda para outro patamar", explica Timsit.

Bate-bola com serviços

Em janeiro de 2020 eles inauguraram um espaço com um cenário cheio de neon, imitando o ambiente das arenas profissionais, com serviço de bar. "Se o time disser que quer, por exemplo, fazer um churrasco após a partida, a brasa já estará acesa quando o jogo terminar", diz Delepau. Todo material esportivo, por exemplo, é fornecido pela Adidas, com coletes, bolas e chuteiras.

O problema foi que, logo em seguida, veio a pandemia e paralisou tudo. "Nós fechamos e reabrimos várias vezes e só aguentamos porque tínhamos recebido o primeiro aporte", conta.

Com a reabertura veio também uma nova injeção de dinheiro e a nova fase do aplicativo. Nesta segunda rodada de investimentos, a startup recebeu R$ 27 milhões de vários fundos, como o Iporanga, o Global Founder Capital (GFC) e Inteligo Bank.

Com o segundo aporte, o aplicativo passou a fazer a estatística do jogo: duração, número de gols, de chutes, distância percorrida - e também os dados da organização da partida: pagamentos e as despesas do jogo por meio de uma carteira digital. Mas tudo isso precisava ser inserido pelo usuário no aplicativo.

A nova fase inclui as câmeras. Com esse novo desenvolvimento, a Appito, que cobra uma mensalidade de R$ 1,5 mil por grupo de 15 pessoas para uso da arena, quer triplicar o tamanho da empresa.

Hoje, cerca de 1,5 mil pessoas usam as quadras da Vila Leopoldina. "Temos em média 92% de ocupação. Em 40% dos horários há fila de espera", diz Delepau. O plano é abrir mais duas unidades. Pelo menos uma delas em São Paulo. A outra pode ser próxima a Campinas. "Estamos procurando terrenos", diz o executivo.

    Mesmo nesse cenário de inflação, as pessoas continuam jogando. Com a Copa do Mundo, em novembro, o movimento deve aumentar. Nós, como startup, queremos consolidar o crescimento da empresa com essas três arenas antes de pensar numa expansão nacional, por exemplo", afirma Delepau.

    E quem vai ser o goleiro?

    Outra startup de futebol também tem chamado a atenção: a Goleiro de Aluguel, criada em 2016. O curitibano Samuel Toaldo começou o aplicativo por acaso. "Para quem joga pelada, é uma dor de cabeça arrumar goleiro. Então eu publiquei no Facebook que estava fazendo um bico de goleiro de aluguel. E foi daí que tudo começou."

    Hoje, a Goleiro de Aluguel tem mais de 100 mil goleiros cadastrados em todo o Brasil. O funcionamento parece com os de aplicativos como Uber e 99: você paga por hora para uma pessoa ser o goleiro do seu time. O preço varia de acordo por região, mas é em média de R$ 35 a hora.

    A empresa quase morreu na pandemia, mas os clientes a salvaram, com uma vaquinha digital. "Hoje, passamos de 6 funcionários para 13 e nossa média de goleiros alugados nesse primeiro semestre cresceu 150% em relação aos primeiros seis meses de 2019, anteriores ao corona", diz Samuel Toaldo, um dos fundadores do aplicativo.

    "As pessoas estão querendo fazer esporte e se socializar depois da pandemia. E nada melhor para isso que uma pelada de futebol. E com a Copa, a prática deve ganhar ainda mais força", diz ele.

    Estadão
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